segunda-feira, 30 de julho de 2007

- ... e pode tirar seu cavalinho da chuva !
- O quê !? Tá chovendo?
Silêncio. Ouve-se o barulho da chuva.
- Meu cavalo!

E correu porta afora.

Um degrau acima: o Silêncio

"Até hoje eu por assim dizer não sabia que se pode não escrever. Gradualmente, gradualmente até que de repente a descoberta tímida: quem sabe, também eu já poderia não escrever. Como é infinitamente mais ambicioso. É quase inalcançável."

C. Lispector in "Aprendendo a viver"

domingo, 22 de julho de 2007

Glórias a Nin-kasi

Por volta de 3.000 a.C., nas imediações dos rios Tigre e Eufrates, no que hoje é o Iraque, desenvolveu-se o povo Sumério. Acredita-se que dentre os muitos legados deixados à humanidade por eles está a escrita, que teria sido criada nesta época, e a roda. Suas principais cidades eram Ur, Uruk e Lagash, que se revezaram ao longo dos séculos seguintes como as "capitais" desta civilização mesopotâmica. Todos os deuses sumérios eram dotados das mesmas condições e necessidades físicas dos seres humanos: comiam, bebiam, casavam e discutiam entre si. Segundo sua crença, os homens haviam sido moldados pelos deuses, a partir da argila, unicamente para servirem como escravos.

Muitos dos mitos e invenções sumérias influenciaram outras civilizações antigas. Vê-se boa parte espelhada na cultura egípcia, greco-romana e até no dias de hoje: os sumérios utilizavam na matemática o sistema sexagesimal, ou seja, baseado no número 60. Este é tido como o antepassado do sistema decimal arábico vigente e vemos resquícios dele até hoje, como a hora de 60 minutos e o círculo de 360 graus.

Mas talvez o legado mais importante dessa civilização praticamente desconhecida nos dias de hoje - cujas ruínas são destruídas a cada dia mais pelos bombardeios e atentados - é a cerveja. A bebida mais comum na época não continha ervas preservativas, como o lúpulo, que somente seria usado na fabricação por volta do ano 1.000 d.C., mas era amplamente difundida a todos os cidadãos. Cerca de 40% da produção de cereais da Suméria era destinada aos tonéis das cervejarias. Trabalhadores comuns dos Zigurates (os templos sumérios) recebiam uma ração de 1 litro por dia. Já homens mais importantes na sociedade poderiam receber até cinco vezes mais.

O panteão de divindades sumérias ultrapassava as 3 mil entidades, e dentre elas se encontrava Nin-kasi, a deusa que presidia a preparação da cerveja. No dialeto sumério Nin-kasi significa "a senhora que enche a boca", numa certeira alusão ao esporte preferido dos sumérios e, hoje em dia, dos brasileiros.

Mais tarde a Suméria foi unificada e dividida inúmeras vezes, por diferentes povos invasores, mas manteve as principais características de sua cultura que se moldaram às outras. Mas isso é conversa pra outro dia.

O que eu queria exatamente era, no dia de hoje, oferecer um brinde à Nin-kasi. Que ela encha nossa boca.

Cheers!