terça-feira, 27 de julho de 2010

Ah, o verão!


Aqui na Europa agora é verão. Enquanto falo com a família que por telefone se lamenta do frio, estou no meu quarto com o ventilador ligado, a janela escancarada e bebendo litros e litros de água gelada. Momentos esses alternados com pequenas viagens à praia. Ah, sim, e também o trabalho.

Mas não vim aqui falar sobre isso, ou somente isso. A verdade é que deixei meio de lado tudo que estou fazendo ou planejando fazer na vida pra me concentrar no planejamento das minhas férias de verão.

Serão quinze dias mochilando de trem pela Europa (o verbo mochilar é muito interessante, diga-se de passagem. E é inexistente nos dicionários). O roteiro é indefinido, porque comprei o Interrail, uma passagem única que me permite andar por todos os países que eu quiser ou conseguir em quinze dias. Pra quem se interessar, existe também o Eurail, para quem não é residente na Europa.

A única coisa que sei é onde começo a viagem e alguns pontos de referência, mas todos sujeitos à mudança, de acordo com o meu humor e de outros fatores que estão acima da minha compreensão. A verdade é que uma viagem dessas há anos, muitos anos eu queria fazer, mas só agora consegui me organizar.

Começo pegando um avião de Pisa até Bruxelas na Bélgica, depois outro até Estocolmo na Suécia, de onde inicia a contagem dos 15 dias de trem. Uma vez ali, vejo o que faço da vida. Mas a idéia nessas duas semanas é conhecer também, no mínimo, Copenhague na Dinamarca e Berlim na Alemanha. Se der tempo, Praga na Rep. Tcheca, Budapeste na Hungria, as montanhas Tatra (divisa entre Eslováquia e Polônia) e um ponto perdido dos Alpes suíços. Sem contar as paradas no meio do caminho, os contratempos, as mudanças de plano de última hora, os zilhões de fotos, alguns souvenirs, sol, chuva e cervejas várias.

Queria muito poder atualizar o blog à medida que passasse pelas cidades, mas os 2 kg do notebook podem ser importantes pra dar alguma folga pras minhas costas, se deixados em casa. Tentarei manter um diário de bordo escrito (sim, ainda é possível escrever com papel e caneta!) com minhas percepções da bagunça de culturas e línguas em que vou mergulhar e, se for aproveitável, publicarei aos poucos no meu retorno. Com fotos, óbvio.



E talvez um pouco de ficção no meio, pra ficar mais legal.

Então não se assustem se eu demorar pra retornar a essas paragens. É por um nobre motivo.

A gente se fala!

G.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O pingo

Era um pingo que caiu no meu olho enquanto eu caminhava apressado, às 7h38 da manhã, logo após uma inteira madrugada de trabalho, fria e chuvosa, que parecia não mais terminar. 

Chuva esta que caía desde às 21h do dia anterior, alguns minutos antes de eu me acordar a contragosto de um cochilo providencial. Meus olhos queriam manter-se fechados. Água gelada no rosto pro choque térmico inicial de qualquer dia de trabalho. No meu caso, noite. Um copo (d'água, não d'uísque). O trabalho, a chuva. 

A madrugada passou lenta. A chuva, a mesma ainda, rumorejava pelas frestas das janelas. O relógio, estupefato, paralisou-se. Da minha mesa, através do vidro eu olhava o rio sendo molhado pelo pé da água, que aos poucos diminuía.

O rio, passou. O trabalho, enfim, está dito e feito. Fui-me embora.

A chuva, a esta altura, parecia finalmente ter cessado. Foi quando olhei para o céu, e o pingo caiu no meu olho. Pisquei, mas meus olhos já se piscavam do sono.

O pingo foi apenas a gota d'água.

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Texto ignorado em um concurso de contos curtos.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Há coisas, há
Muitas coisas
E me pergunto
Onde foi que eu errei
Nesta vida

As belas coisas da
Vida
Parecem não funcionar

A vida é dourada
Mas o ouro não é para todas as pessoas
Na verdade
Ouro não é para pessoas

Ouro é um sonho
Que duvida de si mesmo
E de sua própria existência

Raridade seria uma qualidade
Se fosse uma escolha
A raridade me fez perder o controle

Exceções para um
Não são exceções para todos
O que você espera,
Normalmente,
Não é o que você terá

O que você pensa sobre
Tudo
Não é como as coisas realmente são

Vergonha e arrependimento
Devem ser algum
Tipo de dor inconsciente

Que vêm e vão
Quando bem querem

Eu quero uma realidade
Apesar da minha ansiedade
Nonsense
Eu quero uma criação
Separada dos meus medos
De ser
Novo

As paredes se fecham atrás
De você

O lugar não é um
Palácio

Você pensa que vai embora.
Você pensa que vive.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Frase

E a verdade é que nunca conheceremos a verdade.