terça-feira, 29 de junho de 2010

Last in translation - 2

HERMANN O IRASCíVEL - A história do Grande Choro
Saki (Tradução minha)

Foi na segunda década do Séc. XX, depois que a Grande Peste devastara a Inglaterra, que Hermann o Irascível, também apelidado de “o Sábio”, sentou-se no trono britânico. A doença mortal varrera toda a família real até a terceira e quarta gerações e foi assim que Hermann XIV de Saxe-Drachsen-Wachtelstein, o trigésimo na linha de sucessão, viu-se um dia soberano dos domínios britânicos dentro e além-mar. Era uma dessas coisas inesperadas que acontecem na política, e ele surpreendeu com grande eficiência. Em muitos aspectos, era o monarca mais progressista a sentar em um trono importante; quando as pessoas julgavam entender o que ele pensava, ainda havia muito a compreender. Até os ministros, progressistas que eram por tradição, achavam difícil manter o passo com suas sugestões legislativas.

“O fato é que,” admitiu o primeiro-ministro, “estamos sendo constrangidos por essas criaturas do Voto para as mulheres; elas perturbam nossos encontros pelo país e estão tentando transformar Downing Street em um tipo de piquenique político.”

“Temos que lidar com elas” disse Hermann.

“Lidar,” disse o primeiro-ministro; “exato, somente isso. Mas como?”

“Redigirei um projeto” disse o Rei, sentando-se à máquina de escrever, “decretando que as mulheres poderão votar em todas as eleições futuras. Poderão, veja bem. Ou, sendo mais explícito, deverão. Como antes, o voto continua facultativo aos eleitores homens. Mas todas as mulheres entre vinte e um e setenta anos serão obrigadas a votar, não somente para as eleições parlamentares, conselhos contadinos, quadros distritais, conselhos paroquiais e cargos municipais, mas também para juízes, bedéis, sacristães, curadores de museus, autoridades sanitárias, intérpretes dos tribunais de polícia, instrutores de natação, empreiteiros, regentes de corais, gerentes de mercados, professores de arte, coroinhas e outros funcionários locais cujos nomes adicionarei à medida que me vierem em mente. Todas essas funções tornar-se-ão eletivas e o não comparecimento às urnas em qualquer eleição na sua respectiva área residencial, implicará à eleitora uma multa de 10 libras. Abstenções não justificadas com um apropriado atestado médico não serão aceitas como desculpa. Passe este projeto pelas duas casas do Parlamento e traga-me para assinatura depois de amanhã.”

Desde o início o voto obrigatório feminino suscitou pouco ou nenhum entusiasmo, mesmo nos círculos que exigiam com mais fervor esse direito. A maioria das mulheres do país era indiferente ou hostil à agitação pelo voto, e as mais fanáticas sufragistas começaram a questionar-se por que achavam tão atraente a perspectiva de colocar cédulas dentro de uma caixa. Nos distritos rurais a tarefa de executar os preparativos do novo ato foi muito cansativa. Nas vilas e nas cidades tornou-se um pesadelo. As eleições pareciam não acabar. Lavadeiras e costureiras saíam correndo do trabalho para votar, frequentemente em um candidato do qual nunca ouviram falar antes, escolhido por puro acaso. Balconistas e garçonetes acordavam muito cedo pra votar antes de entrarem em seus turnos. As damas da sociedade tiveram seus compromissos cancelados e desordenados pela necessidade contínua de comparecer aos colégios eleitorais, e as festas de fim-de-semana, como as férias de verão, transformaram-se gradualmente em um luxo masculino. Quanto a Cairo e à Riviera, eram acessíveis somente aos inválidos ou às pessoas de grandíssima riqueza, porque o acúmulo de multas de dez libras durante uma viagem prolongada era uma contingência à qual até mesmo os ricos dificilmente se arriscariam.

Não era de se maravilhar que a agitação feminina contra o voto tornara-se um movimento respeitável. As participantes da liga Não ao voto para as mulheres chegavam quase a um milhão; as cores do movimento, verde-limão e vermelho-holandês antigo, eram ostentadas por toda parte e o grito de guerra “Nós não queremos votar” caiu nas graças do povo. Como o governo não mostrou-se impressionado com a persuasão pacífica, métodos mais violentos tornaram-se moda. Encontros eram perturbados, ministros atacados, policiais mordidos e a ração popular, rejeitada. E às vésperas do aniversário de Trafalgar, as mulheres se colocaram em fila por toda a extensão da coluna de Nelson, fazendo com que as costumeiras decorações florais fossem abandonas. Mas o governo estava obstinadamente convicto de que as mulheres deveriam votar.

Em seguida, como último recurso, alguma mulher soube usar de um expediente que estranhamente não havia sido pensado antes. O Grande Choro foi organizado. Turnos de mulheres, dez mil por vez, choravam continuamente nos espaços públicos da metrópole. Choravam nas estações ferroviárias, metrôs e ônibus, na National Gallery, nas lojas The Army and Navy, no parque St. James, em concertos, no Prince’s e na Burlington Arcade. O sucesso até então ininterrupto da brilhante comédia farsesca Henry’s Rabbit foi ameaçado pela presença lúgubre de mulheres chorando na primeira fila, nos balcões e nas galerias, e um dos casos mais notórios de divórcio julgado nos últimos anos foi ofuscado pelo comportamento lacrimoso de uma parte da audiência.

“O que faremos?” perguntou o primeiro ministro, cuja cozinheira chorara sobre todas as louças do café da manhã e a babá, em pranto infeliz e silencioso, saiu a passear com as crianças no parque.

“Tudo tem seu tempo” disse o Rei, “e é tempo de ceder. Passe esta medida pelas duas Casas destituindo o direito ao voto das mulheres e traga-a para mim depois de amanhã, para consentimento real.”

Quando o ministro retirou-se, Hermann o Irascível, também apelidado de “o Sábio”, gargalhou intensamente.

“Há outras maneiras de matar um gato além de empanturrá-lo com creme,” sentenciou, “mas não estou tão certo se não é esta a melhor maneira”.

 Hector Hugh Munro, conhecido como Saki (18/12/1870 a 13/11/1916), nascido na antiga Birmânia à época ainda parte do império britânico, atual Mianmar

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Diário de um Saramago

Há alguns dias morreu Saramago. Nesses 7 anos de blog (caramba, tudo isso...) escrevi algumas vezes sobre o português prêmio Nobel. A última vez foi quando descobri o seu blog, cujo link está ali do lado, e nos últimos dias antes do falecimento vinha sendo atualizado pela Fundação José Saramago com citações e frases suas, talvez um pequeno sinal do que fatalmente ocorreria.

Não posso negar que Saramago, como escritor, é um dos meus preferidos. Se não me engano, está entre os autores com mais livros na minha pequena biblioteca, com sete ou oito exemplares, provavelmente junto a Carlos Nejar, Charles Bukowski e a família Verissimo.

Mas aqui na minha pequena biblioteca italiana não tenho nenhum livro seu. E fiquei relembrando de seus livros. O primeiro que li chamava-se O Homem duplicado. E não contarei a história, a única coisa que posso dizer é que não consegui parar de ler até terminar o livro. O estilo do Saramago, cuja pontuação se restringe a ponto final e vírgula, é já um grande desafio; não perder-se nos diálogos rápidos e nas divagações do narrador em parágrafos longos, é outro, mas com o ponto justo de ironia e sarcasmo, aceitamos o desafio com prazer.

Ano passado havia descoberto na internet um vídeo baseado no único conto infantil do Zé, narrado por ele mesmo, e que publico ali no final do post. Quando soube da morte, tentei achar alguma citação sua nos meus arquivos ou na internet, um modo de homenageá-lo. Mas não tinha nada, o hábito de recolher citações de livros, para mim, é uma coisa recente. E percebi que não existe melhor modo de homenagear um autor que lendo a sua obra.

Eis aqui o vídeo:

domingo, 20 de junho de 2010

Last in translation - 1

Não sei exatamente qual a minha classificação, mas me sinto desmoralizado. Desde o fim do ano passado estava me debatendo pra traduzir dois contos, com o objetivo final de participar de um concurso para novos tradutores. Resumindo, não estou entre os 10 classificados à fase final, nem do conto em inglês, nem daquele em italiano. Mas tudo bem, como já diria uma música dos Engenheiros, "eu não vim até aqui pra desistir agora". Devo reconhecer que após dois anos aqui na Itália, meu português não é mais o mesmo, mas sei lá, o problema é ficar três meses me matando por um zero de reconhecimento. 

Relendo o texto para publicá-lo aqui no blog faria várias outras mudanças, e me parece que este primeiro texto não flui assim naturalmente, já do segundo gostei mais do resultado, mas enfim...depois do desabafo, deixo o julgamento das traduções a vocês, meus fantasmas. Primeiro, publico o texto italiano. Na próxima semana coloco aqui aquele traduzido do inglês.


UMA GOTA 
Dino Buzzati (Tradução minha)

Uma gota d'água sobe os degraus da escada. Consegue escutá-la? Deitado na cama no escuro, percebo o seu misterioso caminhar. Como é que ela faz? Saltita? Tic, tic, ouve-se intermitentemente. Em seguida a gota para e talvez pelo resto da noite não dê mais notícias. Todavia sobe. Galga degrau por degrau, ao contrário das outras gotas que caem perpendicularmente, em obediência à lei da gravidade, e ao final fazem um pequeno estalo, bem conhecido em todo o mundo. Esta não: segue devagar ao longo da escadaria letra E deste interminável edifício.

Não fomos nós, adultos refinados e muito sensíveis, a identificá-la. Mas uma doméstica do primeiro andar, pequena esquálida e ignorante criatura. Notara uma noite, muito tarde, quando todos já dormiam. Pouco depois não resistiu, levantou-se e correu para acordar a patroa. "Senhora" sussurrou "senhora!" "O que é?" disse a patroa, despertando "O que aconteceu?" "É uma gota, senhora, uma gota que tá subindo as escadas!" "Como?" perguntou a outra, confusa. "Uma gota que sobe os degraus!" repetiu a doméstica, e quase começou a chorar. "Essa agora" praguejou a patroa. "Tá maluca? Vai dormir, marcsch! Você bebeu, é isso, sua sem-vergonha. É esse o tanto de vinho que falta na garrafa de manhã! Sua imunda, se você pensa que..." Mas a mocinha fugira, devidamente escondida debaixo das cobertas.

"Quem sabe o que se passa na cabeça daquela estúpida" pensou depois a patroa, em silêncio, tendo já perdido o sono. E escutando involuntariamente a noite que dominava o mundo, ouviu também o curioso ruído. Uma gota que subia as escadas, realmente.

Metódica que é, por um momento a senhora pensou em sair para olhar. Mas o que poderia ver à miserável luz das lâmpadas escurecidas que pendem do corrimão? Como localizar uma gota em plena noite, com aquele frio, pelos lances tenebrosos?

Nos dias seguintes, de família em família, o boato espalhou-se lentamente e agora todos no prédio já estão sabendo, mesmo se preferem não comentar, como se fosse uma coisa boba da qual talvez envergonhar-se. Desde então, muitos ouvidos estão atentos, no escuro, quando cai a noite para oprimir o gênero humano. E há quem pense em uma coisa, quem pense em outra.

Certas noites a gota silencia. Em outras, ao contrário, por longas horas não faz nada além de deslocar-se, sobe, sobe, como se não fosse parar. Os corações se aceleram no momento em que o passo suave parece tocar a porta. Ainda bem, não se deteve. Lá vai ela, distanciando-se, tic, tic, em direção ao andar de cima.

Com certeza, sei que os inquilinos do mezanino a esse ponto pensam estar seguros. A gota – eles creem – já passou em frente à sua porta, não poderá mais perturbá-los; Outros, como eu que estou no sexto andar, têm agora motivos de inquietude, tanto quanto eles. Mas quem lhes disse que nos próximos dias a gota irá retomar o caminho do ponto que atingiu a última vez, ou melhor, não irá recomeçar lá de baixo, iniciando a viagem dos primeiros degraus, sempre úmidos e escuros de abandonada imundície? Não, nem mesmo eles podem se considerar seguros.

De manhã, saindo de casa, olha-se atentamente se por acaso ficou algum rastro. Nada, como era previsível, nem a menor marca. De manhã, no entanto, quem leva essa história a sério? Ao sol da manhã o homem é forte, é um leão, mesmo se poucas horas antes hesitava.

Ou aqueles do mezanino teriam razão? No entanto nós, que antes não percebíamos nada e nos considerávamos imunes, há algumas noites também ouvimos qualquer coisa. A gota está longe ainda, é verdade. Chega a nós somente um tique-taque levíssimo, triste eco através das paredes. Todavia é sinal de que está subindo e cada vez mais perto.

Mesmo dormindo em um quarto interno, longe da escadaria, não adianta. É melhor perceber o rumor do que passar as noites em dúvida se a gota está lá ou não. Quem mora naqueles quartos isolados às vezes não resiste, espreita em silêncio nos corredores e permanece à entrada no frio, atrás da porta, com a respiração suspensa, escutando. Se a ouve, não ousa distanciar-se, escravo de medos indecifráveis.  Pior ainda se está tudo tranquilo: neste caso como descartar que, uma vez de volta à cama, não comecem os rumores?

Que vida estranha, afinal. Não poder reclamar, nem tomar providências, nem achar uma explicação que acalme os ânimos. E não poder nem mesmo persuadir os outros, dos outros edifícios, que não sabem de nada. Mas que coisa seria então esta gota: - perguntam com exasperante boa fé - um camundongo, talvez? Um sapo vindo do subsolo? Na verdade, não.

E então - insistem - seria por acaso uma alegoria? Querer-se-ia, por assim dizer, simbolizar a morte? ou algum perigo? ou os anos que passam? Nada disso, senhores: é simplesmente uma gota, só que ela sobe as escadas.

Ou mais sutilmente pretende-se representar os sonhos e as quimeras? As terras almejadas e distantes onde se presume que esteja a felicidade? Enfim, alguma coisa de poético? Não, absolutamente.

Ou então os lugares mais distantes ainda, nos confins do mundo, os quais nunca alcançaremos? Mas não, digo a vocês, não é uma gozação, não existem duplos sentidos, trata-se - ai de mim - mesmo de uma gota d’água e, pelo que se presume, à noite sobe as escadas. Tic, tic, misteriosamente, degrau por degrau. E por isso se tem medo.




Dino Buzzati Traverso (16/10/1906 a 28/01/1972) escritor italiano, segundo alguns mais conhecido no exterior que no próprio país

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Meus fantasmas

Caro Senhor Fulano

Não temos nenhum registro de fantasmas ou fenômenos sobrenaturais no hotel. Às vezes me pergunto se não seria bom para os negócios se os tivéssemos...

Os únicos visitantes "permanentes" que temos são aqueles que gostam de voltar como clientes, todos os anos, por décadas.

Apesar da idade e da história do hotel, e o edifício não seja comum, isto é absolutamente normal em toda cidade de Pisa, um lugar que foi fundado aproximadamente há quatro mil anos.

Consequentemente presenças referentes à antiguidade podem ser sugeridas em qualquer esquina de Pisa (e provavelmente na maior parte da Itália) e não necessariamente no nosso hotel.

Através da história estivemos sempre felizes em dar as boas vindas a tantas pessoas boas que temos a impressão que todos deixaram traços positivos, e agradecemos muito por isso.





Atenciosamente
A Diretora do Hotel

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Carne, vinho e Dante


Quarta-feira passada foi feriado nacional aqui na Itália. O dia 2 de junho é o dia da Proclamação da República pra nós italianos, assim como 15 de novembro é a Proclamação da República para nós brasileiros.

Nesse mesmo dia (2 de junho) no ano de 1946, por meio de um referendo institucional, os italianos decidiram acabar com a monarquia - exilando o então rei Umberto II de Savóia - e criar a atual república parlamentarista.

E também nesse dia, no ano de 2010, comi o primeiro churrasco italiano, conhecido por essas paragens como Grigliata. Um dia quente. Quente o suficiente pra muita carne bovina e cerveja. Mas a grigliata, infelizmente, consiste em carne de porco.

E vinho.

Mas tudo bem, tenho que me acostumar a isso, afinal, também sou um deles.

Depois de dormir 2 horas e me recuperar mais ou menos do vinho, fui trabalhar. Como já disse outras vezes, de madrugada chega uma hora em que devo fazer a ronda no hotel, que consiste em descer a pé do quarto andar, apagando luzes e verificando a normalidade de tudo, para o bem-estar dos hóspedes. E lá fui eu.

Entrei no elevador, apertei o numero quatro e subi. Eu cantava uma música do White Stripes. E o elevador subia. Acabei a música, iniciei outra e ainda assim não havia chegado lá. Comecei a me preocupar, eu sempre quis subir na vida, mas não indefinidamente. Pelos meus cálculos eu deveria estar chegando ao vigésimo andar. Isso se ele existisse.

Simplesmente eu estava em contínuo movimento vertical indefinido. Não sabendo o que fazer, me sentei. O rumor começou a tornar-se monótono. Foi quando me veio a idéia de ligar pra alguém pedindo ajuda. Mas havia esquecido o celular na recepção. Cazzo.

Pelos meus cálculos, eu devia estar ali há mais ou menos quinze minutos. Foi então que lembrei do botão de emergência. Levantei-me e quando fui apertá-lo, o elevador parou e a porta se abriu. Saí um pouco ressabiado. Olhei para os lados. Quarto andar.

Estranho. A cada passo eu esperava que algo acontecesse. Tudo normal. Fui descendo, e nada. Chegando ao primeiro andar, apaguei as últimas luzes e troquei duas palavras com meu amigo busto de Dante sobre o ocorrido. Disse-me em latim "Nullum secretum est ubi regnat ebrietas". Tive de concordar, embora não tenha entendido muito bem o que ele quis dizer.

Me despedi do sumo poeta. Enquanto descia as escadas, porém, ouvi um barulho, como uma pedra que se espatifa.

Voltei rapidamente e vejo o busto de Dante em cacos. Cada parte da sua cabeça foi para um lado. Neste momento, enquanto começava a formular explicações pra dar aos meus superiores no dia seguinte, percebi que um pedaço da estátua ainda se movia. Aproximei-me.

Era a boca de Dante. Rolava de tanto rir.

* * *

Boa Copa do Mundo!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Premonição

Sört - pronuncia-se Xôrrt - significa "cerveja" em húngaro. Talvez eu tenha que usar essa palavra em agosto.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

(eugnaremub arp siam ajetse arobme) atseb otenos mU
















rahlagragsed a aculam aoverboS
oãhc on setna are euq adivúd a sioP
oãv me mecerap sarvalap sa saM
ratnugrep a ,oxelprep ,ale arp ohlo uE

oãhc od ognol oa osovren euqata mU
ralor a açemoc atidlam a ,acinôrI
ra on ila odnir ariap adivúd A
oãn uo ejoh árias los o eS

receralcse oãn me etsisni euQ
adalbun ãhnam an sodidrep socsibaR
rezaf a açrof em alua ad ecitahc A

adarap ila mevun amu met E
rezid arp uo rezaf arP
adan mes iuqa uotsE