segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Amelia Rosselli

"Mas se a morte vencia era a corrosão a me impedir de
revelar aos outros aquilo que faltava em mim. A ciência dos
números era a minha fortaleza, a ciência dos amores a
minha fraqueza. Eu não sou um Chinês! Não tenho poder! As
minhas condições são de naufragar! No naufrágio da
grande andorinha que sobrevoava acima da minha cabeça realmente
redonda estava o segredo da minha misantropia. Cantava histórias
e descia um degrau a cada passo em falso. Acima da minha
cabeça realmente redonda nascia o quadrado da certeza.
Se na cabeça realmente redonda nascia o retorno impossível
às antigas maneiras então na minha cabeça realmente redonda
caía o grão o sal de Deus, a última mina. Se na
redonda cabeça de Deus estava o incremento da jornada então
nas caretas dos jovens entrevia a bondade. Mas o
piche, o negro, o granizo, as fúrias, a revolta, a
canhonada, o país fora de si controlava cada movimento meu.
Antiga civilização descrita nos livros tu és a revolta que
não se deixou domar, tu és o mar que tinge de vermelho a
fúria dos ventos e leva à aurora uma canção."

Traduçao minha

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Mafia e outros causos

Um procurador anti-máfia, sua esposa, e uma escorta de 3 seguranças, que os acompanham dia e noite, onde quer que estejam. Tudo isto ambientado numa Itália do século XXI, liderada por políticos de direita. Lideranças essas que possuem um enriquecimento inexplicavelmente veloz e duvidoso, tentáculos em quase toda a mídia italiana e um império empresarial incomensurável. As mesmas lideranças já foram acusadas algumas vezes de ligação com a máfia e, quando necessário, mudam leis para favorecer a si mesmas.

Um procurador anti-máfia italiano não deve dormir muito bem. Deve pensar que a qualquer hora podem chegar mafiosos com metralhadoras à la Dick Tracy, ou, pior ainda, aniquilando silenciosamente todos sem que ninguém perceba. Onde está o Chuck Norris quando a gente precisa?

Aqui na bota ainda existem as famosas máfias da Camorra e Cosa Nostra, respectivamente em Napoli e na Sicilia, além de outras quase ignoradas no Brasil, como a 'ndrangheta da Calabria, tida como uma das mais fortes na atual época.

Imaginem um enredo assim. E quando se hospedam num hotel (um hotel qualquer), além do procurador, sua esposa e os 3 de escorta, a polícia local liga e faz rondas na vizinhança, pra saber se está tudo tranquilo. Imaginem então o que se passa na cabeça do recepcionista da noite, numa situação dessas.

Eu não precisei imaginar.

* * *

To lendo um livro muito interessante, de um tal de Echenoz (francês), e que se chama "Al pianoforte". Um outro dia falo mais dele. Mas o que me chama muito a atenção é a informalidade do narrador, que até tira uma em cima do leitor. Esse tipo de metalinguagem (seria isso uma metalinguagem? ou uma metaleitura?) sempre achei divertida e inteligente. É o típico livro que eu diria: até parece que fui eu quem escreveu.

Moléstia à parte...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Poi zé, amigo...

"Não é preciso muito pra intuir como reagirá uma pessoa inteligente, que coisa fará em determinada circunstância, porque partimos do pressuposto que se deixa guiar pela lógica... Enquanto é impossível prever que coisa fará um imbecil"

Georges Simenon - A louca de Itteville

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Bentornato, Zaratustra!

Depois de breve período de férias ensolaradas e quentes no Brasil, a Itália me saúda com seus 5°C e chuva.

De volta aos livros.