domingo, 13 de março de 2011

Mochilão na Europa PARTE VIII - Interlúdio

De Copenhague a Berlim em 2 dias (passando por Colônia e Maastricht)

Segundo o Houaiss, o substantivo masculino interlúdio possui vários significados, entre eles:  mús composição instrumental com a função de separar partes musicais, litúrgicas ou cênicas; intervalo entre duas cenas; entreato ('representação entre dois atos'); lapso de tempo que interrompe provisoriamente alguma coisa. Pensando nisso - não somente nisso, pois eu ainda pensava muito na balada de ontem e, além disso, em como elaborar um texto sobre a Eternidade, confrontando minha teoria com as de Borges, Nietzsche e Santo Agostinho - enfim, digamos que eu estivesse pensando somente nisso, no interlúdio, resolvi resumir dois dias da viagem em um só post, como se separasse a minha viagem em Antes de Maastricht e Depois de Maastricht (doravante AM e DM). Pois nessa viagem, Maastricht foi o divisor de águas. Antes, a primeira etapa, o deslumbre, a inquietação, o êxtase do novo. Depois, a segunda etapa, o deslumbre, a inquietação, o êxtase do novo. De novo. Mas porque criar este hipotético marco divisório em Maastricht e não em Colônia? Isso, meus caros fantasmas, deixo para vocês especularem uma resposta.

Mas, como eu ia dizendo no último post:

Bairro de Christianshavn


Saí do museu Carlsberg e fui diretamente dormir. Acordei pelas 19h e, bem acompanhado por uma cicerone loira dinamarquesa, fui para o famoso reduto hippie alternativo de Copenhague, o famigerado Christiania. Nunca ouviu falar? Mesmo? Nem eu, pelo menos até aquele dia. Localizado dentro do bairro de Christianshavn, é um local que foi invadido umas décadas atrás e agora se auto-proclama uma comunidade alternativa independente. Quando entrei lá, Raul Seixas me disse: "viva a sociedade alternativa". Apesar de ser uma atração turística, as fotografias são proibidas, então mesmo eu perdendo minha máquina fotográfica, essas fotos eu não perdi, pelo simples fato de que não as fiz.

A loira hippie
Após tomar umas loiras geladas fabricadas ali mesmo pelas loiras hippies, dei mais uma volta com minha loira e fui pra casa. No dia seguinte, sob uma garoa chata e insistente, visitei alguns belos locais, subi em uma torre circular e tive uma bela visão da cidade inteira que registrei em fotos, mas que de nada adiantou. Depois disso, dirigi-me para a minha grande amiga estação ferroviária, onde enrolei bastante até decidir onde ir. Poderia ficar ali mais um dia, mas com essa chuva interminável não representava uma boa opção. Analisando as opções de trens noturnos, preços, próximas paradas (Berlim e Praga, as únicas certezas que eu tinha), além de outros fatores que foram decisivos, fiquei dividido entre ir para Hamburgo ou Köln (Colônia em português). Como tinha amigos na segunda cidade, uni o útil ao agradável, e lá me fui. Já havia estado ali pouco antes de visitar a Oktoberfest de Munique em 2009 e, após este mochilão, retornei uma vez mais. É uma bela e agradável cidade. Peguei o trem noturno e me mandei.

Foto da primeira vez que estive em Colônia, AM, com o rio Reno ao fundo

Cheguei de manhã cedo e dei uma volta pela cidade com minha anfitriã, Aninha Schönefrau. Dormimos cedo e, na manhã seguinte, como eu já conhecia bem a cidade, decidimos ir até Maastricht, na Holanda, que ficava a 2h de Colônia. A única coisa que eu sabia sobre o local era que ali tinha sido assinado o Tratado de Maastricht, que eu nem me lembrava o que era. Só hoje, escrevendo minhas memórias sobre esta viagem louca, consultei a wikipédia que me disse que tal tratado foi o criador da União Européia. Muito bem, sussurrei, e continuei a escrever.

Maastricht


Bonita, pequena e cara cidade. Vê-se visivelmente que se trata de um local que explora o turismo de alta renda, pois até um sanduichinho meia-boca custa quase 10 euros. Mas as igrejas, torres, os muros e o rio Maas compensam, o visual é decididamente interessante e, podendo ser feito em uma tarde, vale a pena. Subi novamente em outra torre, de onde pude admirar uma bela visão da cidade inteira que registrei em fotos, mas que de nada adiantou. O legal é que quando estávamos lá em cima, começaram a tocar os sinos das várias torres das cidades, o que imagino seja uma das grandes atrações turísticas da cidade.



Em seguida fui a uma loja de antiguidades que parecia interessante, com muito mapas antigos expostos. Como grande ex-futuro-geógrafo, gosto dessa coisas de mapas, e ali perguntei o preço. Algo em torno de 5 mil euros. Uma mixaria, que resolvi deixar para outro dia, pois ia gastar essa quantia com o combustível no meu helicóptero.

Maastricht em 1652


Depois de caminhar bastante pela cidade, voltamos para Colônia, pois dali eu não só pegaria o trem para Berlim, como realmente o peguei. No trem - muito confortável se comparado com os trens italianos, mas bem sem-vergonha se a comparação for com os trens suecos ou dinamarqueses (ah, as suecas e as dinamarquesas...) - puxei papo com um cara que só reclamava da Alemanha, e dizia como era uma merda os trens. Chorava o cidadão e, ainda por cima, queria me converter para a religião dele, que eu nunca tinha ouvido falar e cujo nome não me lembro agora. Só sei que eles não podiam beber álcool, e isso foi determinante. Aliás, me perguntei como na Alemanha, considerada por muitos a terra da cerveja (do inglês antigo Ale=cerveja e do Grego pré-socrático manha=terra); como ali, no país que criou a Oktoberfest, que se orgulha de usar bermuda com suspensórios e um chapéu com uma pena do lado pra beber cerveja - como, mein Gott! - como permitiram, neste país, que existisse uma religião que proíbe a cerveja? Até que, enfim, o trem foi esvaziando e, com a desculpa de dormir um pouco, sentei em outra poltrona e escapei das lamentações do Fritz.

Acordei pouco antes de Berlim, pouco antes da meia-noite. Cansado. Com fome. Com um endereço na mão. Endereço este que eu não fazia a menor idéia de como chegar. Sabia - e somente isso sabia - que era o local onde me hospedariam na capital alemã. Chegar lá foi difícil. Muito difícil.

DM


Mas cheguei. Conversei um pouco com minha anfitriã, desta vez uma jornalista alemã que trabalhava no jornal Der Tagesspiegel. Ela me hospedaria em sua casa por três noites. E não só o faria, como realmente o fez. O bairro de Neukölln é relativamente perto do centro. Mas relativamente perto, para Berlim, é longe bagarai.

Como vocês verão no próximo post...

4 comentários:

  1. porra alemão! um dia tb quero passea de um pais para o outro com um mochilão, mas por hora fico soh na vontade. tb quero conhecer todas as loiras da europa e passea com elas pra cima e pra baixo. porra, e tu vai volta pra lah ou nao? todo mundo me pergunta isso e eu digo "porra alemao, nao sei nao. o alemao eh q sabe". falow

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  2. bah... se o alemão tava reclamando dos trens aí... que ele diria se andasse de busão aqui no BraZil hein... poutz...

    enfim... já que é meio que um grito de guerra aqui, encerro o comentário assim: Porra alemão!

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