quinta-feira, 31 de julho de 2025

Times are gone for honest men

quarta-feira, 3 de abril de 2024

para doar

Em inglês:
To forgive = perdoar.
For = para
Give= dar

Em italiano:
Perdonare = perdoar
Per= para
Donare = doar, dar

Em espanhol:
Perdonar
Per= para
Donar= doar

Em português:
Perdoar
Per= para
Doar= doar, dar

Origem etimológica:latim medieval perdonare

"perdoar", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2024, https://dicionario.priberam.org/perdoar.

Amar o próximo. 
Doar-se.
A vida é para se doar.
Para se doar a seus filhos. Aos seus próximos.
A vida não é para ti. É para os outros. 
A vida é
Per
Doar.

terça-feira, 15 de agosto de 2023

Lonely Stranger

 I must be

Invisible

No one knows me

I have crawled

Down dead-end streets

On my hands and knees


I was born

With a raging thirst

A hunger to be free

But I´ve learned

Through the years

Don´t encourage me


´Cause I´m a lonely stranger here

Well beyond my day

And I don´t know what´s going on

I´ll be on my way


Yes, I will


When I walk

Stay behind

Don´t get close to me

´Cause it´s sure

To end in tears

So, just let me be


Some will say

That I´m no good

Maybe I agree

Take a look

Then walk away

That's all right with me


´Cause I´m a lonely stranger here

Well beyond my day

And I don´t know what´s going on

I´ll be on my way


Yes, I will

 

Nunca confie em quem diz e usa a palavra "QUÃO"

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Mas eu... eu sou apenas um homem


 

" Man was born to love

Though often he has sought 

Like Icarus, to fly too high

And far too lonely than he ought 

To kiss the sun of east and west 

And hold the world at his behest 

To hold the terrible power 

To whom only gods are blessed 

But me, I am just a man"

 

"O homem nasceu para amar 

Embora sói buscado tenha

Como Ícaro, voar muito mais alto

E mais solitário que lhe convenha

Para o sol beijar ao nascer e se pôr

E ter o mundo ao seu dispor

Deter o terrível poder

Ao qual apenas um Deus é merecedor

Mas eu... eu sou apenas um homem." 


Excerto da música "Just a man" de Faith No More

Tradução minha.

terça-feira, 25 de outubro de 2022

SIMPLE MAN - Lynyrd Skynyrd


Mama told me when I was young
Come sit beside me my only son
And listen closely to what I say
And if you do this it'll help you
Some sunny day oh yeah

Oh take your time don't live too fast
Troubles will come and they will pass
Go find a woman yeah and you'll find love
And don't forget son there is someone up above

And be a simple kind of man
Oh be something you love and understand
Baby be a simple kind of man
Oh won't you do this for me son if you can

Forget your lust for the rich man's gold
All that you need is in your soul
And you can do this oh babe if you try
All that I want for you my son is to be satisfied

And be a simple kind of man
Oh be something you love and understand
Baby be a simple kind of man
Oh won't you do this for me son if you can

Oh yes I will

Oh don't you worry you'll find yourself
Follow your heart and nothing else
And you can do this oh babe if you try
All that I want for you my son is to be satisfied

And be a simple kind of man
Oh be something you love and understand
Baby be a simple kind of man
Oh won't you do this for me son if you can

And baby be a simple real simple man
Oh be something you love and understand
Baby be a simple kind of man

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Apocalypse

Quanto mais incentivado o estilo de vida ostentação, a sensualidade como algo cotidiano e comum até para crianças, o caos na sociedade, o instinto básico animalesco e sem intelectualidade, mais Estado deve existir para coibir os excessos, os impulsos, a violência dali gerada, as creches e orfanatos das crianças abonadas por um ou pelos dois pais, mais hospitais e mais pessoas para tratar e orientar e distribuir camisinhas e praticar o aborto.

A sociedade onde tudo é permitido e ao mesmo tempo, é proibido se expressar, as liberdades individuais são coibidas, ao mesmo tempo em que o coletivo uníssono desregrado é permitido, levam o ser humano a viver a partir de um instinto básico animalesco.

O fim da família, o caos indiscriminado, levam o aumento do Estado, que leva aí aumento do controle, que leva ao fim das liberdades, que leva ao totalitarismo em escala global.

Um governo único.

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Negação de responsabilidade

"Ficamos perigosos quando não temos consciência de nossa responsabilidade por nossos comportamentos, pensamentos e sentimentos".

"Podemos substituir uma linguagem que implique falta de escolha por outra que reconheça a possibilidade de escolha."

Marshall B. Rosenberg

Tudo o que fazemos, é uma escolha nossa, até a forma como reagimos à opinião/comportamento dos outros.


Fazendo comparações

"... quem tiver um desejo sincero de tornar sua vida infeliz, deve aprender a se comparar com outras pessoas."

Marshall B. Rosenberg

quarta-feira, 28 de julho de 2021

CNV

"... não se pode construir a paz sobre alicerces do medo."

Arun Gandhi
Prefácio do livro Comunicação não-violenta, de Marshall B. Rosenberg

domingo, 13 de dezembro de 2020

The Man comes around


"(...)Whoever is unjust let him be unjust still

Whoever is righteous let him be righteous still
Whoever is filthy let him be filthy still
Listen to the words long written down
When the man comes around (...)"

by Johnny Cash

terça-feira, 7 de julho de 2020

Última Lembrança


Eu hei de amar-te sempre, sempre além da vida
Eu hei de amar-te muito além do nosso adeus
Eu hei de amar-te com a esperança já extinguida
De que meus lábios possam ter os lábios teus

Quando eu morrer permita Deus que nesta hora
Ouças ao longe o cantar da cotovia
Será minh'alma que num canto triste chora
E nessa mágoa o teu nome pronuncia

Eu viverei para a glória dos pesares
Aonde quase sucumbi nos teus carinhos

Eu viverei no violão que a noite tomba
Ante a janela da silente madrugada
Eu viverei como uma sombra em tua sombra
Como poesia em teu caminho derramada

Nem mesmo o tempo apagará nossos amores
Que floresceram de uma ilusão febril e mansa
Quando eu morrer eu viverei nas tuas dores
Mas te levando em minha última lembrança


(Versão José Mendes)

domingo, 30 de dezembro de 2018

PER DONARE

Para
Doar

A vida não é para
Obter

A vida é
Para
Doar

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Cântico

Limarás tua esperança
até que a mó se desgaste;
mesmo sem mó, limarás
contra a sorte e o desespero.

Até que tudo te seja
mais doloroso e profundo.
Limarás sem mãos ou braços,
com o coração resoluto.

Conhecerás a esperança,
após a morte de tudo.

Canga - Carlos Nejar

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Democracy

"the problem, of course, isn't the Democratic System,
it's the
living parts which make up the Democratic System.
the next person you pass on the street,
multiply
him or
her by
3 or 4 or 30 or 40 million
and you will know
immediately
why things remain non-functional
for most of
us

I wish I had a cure for the chess pieces
we call Humanity...

we've undergone any number of political
cures

and we all remain
foolish enough to hope
that the one on the way
NOW
will cure almost
everything.

fellow citizens,
the problem never was the Democratic
System, the problem is

you."

C. Bukowski

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Of Literature



Literature consists in not

                              saying



.

Leminski


"se
nem
for
terra
se
trans
for
mar"
P. Leminski - Sol-te

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Dos tempos



O futuro
nada mais
é
que
um pesadelo
benigno

O presente,
um sonho
insuportável

O passado,
uma brincadeira
sem
graça

sábado, 24 de setembro de 2016

O quis assim o Destino



Quis o destino -
quem será o destino?
- que assim o fosse.

O destino o quis assim.

Destino, quem sois?

Quem dera o soubéssemos. Quem dera o entendêssemos.
Para o bem ou para o
mal,
assim o era.

Pois o destino possui razões que o próprio destino
desconhece. Desrazões ainda piores.

Ou maiores.

Eu cri, aprendi, soube, ri.
Chorei, perdi, cresci, arrependi.
Mudei, fiz, li, enterneci.
Briguei, pacifiquei,
o futuro vislumbrei:
lutei pelo que vi.

Dispus-me a.

Dizei-me, agora, vós
o quê
em
troca
recebi.

Dizei-me, ó
destino,
indecifrável enigma profundo,
a recompensa
da perseverança.

Dizei!

Pois o futuro
não nos lê,
e nos crê ainda
menos.

Dizei, ó sacripantas -
tu mesmo, destino ausente -
que sofrimento insistente
me deste por suportar

Que glórias divinas -
mentiras! -
prometeste-me

Destino, cruel
tu és,
como a gigantesca onda
destroçando o convés
do barco de minh'alma,
que se afoga sob meus
pés

Dizei,
sob a cruz emoldurada,
tudo o que sabeis!

Dizei,
sob juramento bíblico,
o que não sei!

Dizei,
entre a luz dos holofotes,
o que pensei!

Admiti,
se porventura
nosso acordo quebrei.

Mas dizei
o que precisas. É o que,
pois,
necessito para
viver.

Se o vinho o sangue representa,
se o trigo, o corpo transfigura,
dá-me o que minha sede alenta,
embriaga-me do mal de vossa usura.

Dizei, contudo, o que preciso,
pois desta forma viver não aguento.
Sejais, porém, breve e conciso,
para do mal livrar-me bem com teu uguento.




terça-feira, 26 de julho de 2016

Melancolia



Estou de férias

Estar é um verbo muito amplo.

Gosto de estar.

O horizonte se abre quando se está.

Estou. E ponto.

E tudo o mais vive na formatação dos parágrafos.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

COMO PERDER A SI MESMO EM 7 ATOS*


I - A Felicidade Inebriante ou A Vontade de Não-Ser

Nas horas escuras de dúvida e temor e desejo de viver
Insurge-se contra mim e me atropela
A vontade de não-ser
Das profundezas mais sombrias e execradas do meu pensamento surge ela,
fingindo não-ser para ficar
Forçando-me contra meu abismo e sucumbindo-me às suas vontades
A vontade de não-ser toma conta de mim e me governa
Abusa do meu corpo e do meu cérebro obtém o que quer e quando quer
Os fins justificam seus meios sem meio-termo,
nem devaneios e sem ao menos ligar para as conseqüências
O ápice da vontade de não-ser inebria de uma forma o meu ser que,
por estar vivo no outro dia posso considerar-me um vitorioso
Triste, porém, é saber por vozes do além o que a vontade de não-ser provocou em mais alguém



II - Um Sentido Escondido

Assim como sucumbo à vontade de não-ser sucumbo também à dúvida que me dilacera atrás de respostas e de defesas para meu corpo a memória castigada em sua via-crúcis semanal é pouco mais que nada: é uma pegada na lama enquanto chove é uma gota de água na imensidão do mar as escoriações, os odores, as sujeiras e as dores são parcos indícios de coisa alguma as falas confusas, flashes de cenas que bem poderiam ser de um filme, ou de um sonho, mais me atormentam que me acalmam e a angústia de não ser ninguém me abraça e me acolhe com seu calor, seu aconchego e suas canções de ninar

III - Um Motivo Qualquer

Tudo começa na hora do sonho que me excita pensamentos e imagens
Pessoas e lugares desfilam em meu córtex e,
violento e semi-adormecido, aceito dos delírios as provocações sem pestanejar
Ou então não é num sonho, é num convite, numa pergunta e perdido e sem opção me atiro de cabeça na ignomínia desenfreada e sem volta sem pensar
Ou então é só, enquanto eu, pusilânime, me deleito na minha necessidade e no meu vício de solidão que me impelem a ser quem não sou sem questionar
Pode ser um sonho acordado enquanto olho o horizonte fundo,
do outro lado e aceito distanciar-me de mim sem piscar
Ou são apenas desculpas para eu não precisar admitir minha covardia perante a vida.

IV - Um Estímulo Podre e Desleal

Uma vez fora de mim qualquer bobagem torna-se grandiosa e qualquer olhar transfigura-se em amor qualquer mulher em amante qualquer sussurro, um convite
E quanto mais me suicido, mais me maldigo por dentro e, concomitantemente, mais ódio e raiva transbordam de mim e me estimulam a mudar-me, ainda mais, a personalidade
No final todos são procazes (inclusive o mais santo) e todos suscetíveis a opróbrios tão voláteis quanto meu humor e tão vazios quanto eu

V - O Desespero Pós-Felicidade

O ato de acordar talvez seja o mais amargo e acre depois da felicidade inócua
Perdido e sem ação, lamento e retorço as memórias e o corpo numa vã tentativa de retroagir e, sem sucesso, resigno-me e sofro, enfim, o castigo que mereço
Meus fantasmas, sarcásticos, não perdoam nem mesmo meu estado de inação e fraqueza
Meus fantasmas e minhas sombras me subjugam e me desequilibram impiedosos
Meu ódio é inversamente proporcional ao meu conhecimento e às minhas conclusões
Mesmo nosso julgamento das coisas não tem valor quando não se tem noção do que se perde e do que se é

VI - A Angústia Premeditada

Na montanha e na caverna de meu desespero os corvos,
os abutres e os urubus devoram a carne pútrida da minha felicidade
Morreu em êxtase: ébria e dormitante
Morreu desgostosa: só e iludida
Morreu.
Em seu lugar nasceu uma angústia melancólica e sufocante cujo sabor eu já sentira outrora
Senti-me repetindo uma mesma vida
Revivendo meu início, rebobinando e reiniciando a mesma fita
Senti-me pedante como todas as redundâncias
Senti-me enjoado como todas as repetições
Senti-me tonto como tudo o que gira e não consegue parar
E preso à essa angústia renasci igual e tão fútil quanto antes
Todas as vidas que vivi e que vivo têm o mesmo gosto insosso e a mesma cor amarelada
Todos os dias em que me vejo no espelho enxergo uma caveira que acena e ri-se de mim
Corro para longe e, à medida que me afasto,
aproximo-me mais do que tanto fujo e do que tanto temo: A minha verdade
O único modo de não encontrá-la é esconder-me e, abraçado à angústia, fingir não ser para ficar Viver outras vidas, mas ficar.

VII - O Fim do Ser Enquanto Dono de Si Mesmo

O que hei de chamar minha vida?
Eu?
O que vivo?
Minhas lembranças?
O que penso?
O que hei de chamar minha vida?
E o que hei de chamar eu mesmo?
Quem há de saber minha verdade, a não ser a própria verdade?
Estou desenganado.
Já desisti de ser eu mesmo.
Não me reconheço em meus atos nem em minhas palavras.
Muito menos no espelho
O espelho da caveira claudicante deve representar os meus não-seres,
os meus refúgios da verdade, mas não pode representar a mim!
Nego-me a aceitá-la como meu reflexo, ainda que verdadeiro!
Antes renegar o verdadeiro eu e tornar-me outro,
ou sublimar-me no ar, a aceitar minha decadência e viver sem vida
como um inseto ou poeira e perecer destruído mas com o orgulho de ser eu mesmo!
Antes não ter de aceitar minha alma - ou o que dela resta - de volta,
e perder meu espírito,
e sentir-me nu por dentro,
a regozijar-me por morrer em pedaços mas com a alma intacta!
Antes uma não-vida em um não-lugar a uma vida que não se percebe,
num lugar que não se sente!
Agora que a vontade de não-ser se apodera dos meus últimos pensamentos
deveras aproveitáveis e das minhas últimas verdades e suspiros,
digo adeus à vida e a Deus.
Agora não sou mais eu,
nem o intermédio: sou o outro.
Um outro que não sabe quem é,
nem porque é.
Mas vive.
Desalentado e indiferente a tudo,
mas vive.

* Texto escrito por mim mesmo, no já distante 22/01/2003, com 21 anos: estudante, desempregado e sem perspectivas num breve futuro. Mal sabia eu o que aconteceria em poucos meses... É interessante ver como eu pensava àquela época. Minha evolução (ou involução, dependendo do ponto de vista). Fica o registro da péssima escrita do início do século, que deu origem à péssima escrita atual.

quarta-feira, 2 de março de 2016

O retorno dos que não foram

Fui.
Mas cá estive
Todo este tempo.
Fugi.
Pra longe,
Muito longe
Deste meu vento.
Escapei.
Das garras
Funestas
Do eu.
E aqui,
Nas amarras
Indigestas
Estou
A questionar,
Na marra,
Os limites
Do tempo

Le poesie - Amelia Rosselli


Faccia nell'erba odori quel poco
che c'è da odorare. Sei stanco
vuoi dormire, ma non puoi. Le
rocce frastagliate prendono pose
sardoniche.

La morte è nell'aria, ti sfugge
solo per un poco. Quando torni
in pensione ti metti in ginocchio.

O vorresti. Ma non puoi.

Amelia Rosselli, p 421: Le Poesie


Face na grama cheiras o pouco
a ser cheirado. Estás cansado
queres dormir, mas não podes. As
rochas irregulares fazem poses
sardônicas.

A morte está no ar, te escapas
por um triz. Quando te
aposentas te colocas de joelhos.

Ou querias. Mas não podes.

domingo, 30 de agosto de 2015

Documentário Charles Bukowski - Born into this


Pra quem gosta dos textos do velho Buk, documentário essencial. Vários vídeos com entrevistas com o próprio Bukowski e relatos de amigos e colegas. Dá pra ver melhor quem foi o velho safado.

Eis algumas frases tiradas dali:


You have my soul and I have your money
(Vocês têm a minha alma e eu tenho o seu dinheiro - dito para uma plateia durante leitura de poemas)

When I write I am the hero of my shit
(Quando escrevo sou o herói das minhas merdas)

Sex is something you do when you cant sleep
(Sexo é algo que você faz quando não consegue dormir)

Love is a fog that (dissipates) first daylight of reality
(O amor é uma neblina que se dissipa aos primeiros raios de realidade)

Love is a dog from hell
(O amor é um cão do inferno)


domingo, 23 de agosto de 2015

COME ON IN!


welcome to my wormy hell.
the music grinds off-key.
fish eyes watch from the wall.
this is where the last happy shot was
fired.
the mind snaps closed
like a mind snapping
closed.
we need to discover a new will and a new
way.
we're stuck here now
listening to the laughter of the
gods.
my temples ache with the fact of
the facts.
I get up, move about, scratch
myself.
I'm a pawn.
I am a hungry prayer.
my wormy hell welcomes you.
hello. hello there. come in, come on in!
plenty of room here for us all,
sucker.
we can only blame ourselves so
come sit with me in the dark.
it's half past
nowhere
everywhere.


CHARLES BUKOWSKI

terça-feira, 21 de outubro de 2014

ESTAR


As mãos tremem,
o cansaço é mais
que físico.

Aliás, o cansaço
físico é o melhor
dos cansaços,
pois sabe-se a causa
direta,
suas consequências,
e como tratá-lo.

O cansaço psíquico,
mental,
é o verdadeiro
cansaço,
é a ruína de uma
pessoa,
são os nervos
à flor da pele,
e o estresse,
o caos do mundo,
na mente
de um vagabundo.

Perde-se a noção,
perde-se o norte,
e todos mais
dos pontos cardeais.

Não quero a vida
como um peso
a se carregar.

Não quero a vida
como uma
eterna luta.

Não quero uma
luta eterna
em meus parcos
dias.

Quero somente a paz,
a tranquilidade,
a magia de nada querer,
o ócio alegre de estar,
apenas estar,
sem precisar
exigir
nem ser
exigido.

Estar.

Não importa
onde
nem importa
quando.

Quero estar
sem metas,
estar sem
ter que
matar
clientes
diários.

O sol, sob o
aspecto do
estar,
é não mais
que um brilho
eterno
em um retrato
de Van Gogh.

O brilho eterno
é aquilo
que nos dá
motivação,
que nos atrai,
que nos quer
sem contudo
nos atrapalhar
com suas mãos
cheias de dedos
e seus dedos
cheios de dados,
calendários cheios
de datas,
verdades
cheias de mim.

Estou cheio das
verdades
alheias
e perenes
e fatais,
quero só
a mente,
somente.

No ar
No ar
No vento
ser o
que
não se
sabe
como
é.

Sou.
Somente sou
no
estar
aqui.

Se aqui
é a
verdade,
que seja
a obviedade
do não
o
remédio
para o caos
do mundo
em mim.

Que o não
seja o
meio,
para o
fim
glorioso
do
talvez.

Estar é
o que se
quer.

Entre,
abra a porta, pois
entre
as portas
há um vazio, um
vão,
por onde
vão
nossas dúvidas.

estar ou não
estar:
eis a questão.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Olha como sorriem na foto...

Não tenho muito a dizer sobre esta eleição. Não conheço a fundo Marina Silva: li seu programa de governo e tenho simpatia em algumas ideias, esperança em outras, resumindo, porém, não concordo 100% com o que diz.

Mas, por outro lado, conheço o PT e o PSDB. E o que se sabe é que a alternância no poder torna a democracia mais saudável, ou pelo menos é o que acreditamos e desejamos.

Certezas: nesses 24 anos de democracia mais recente tivemos o falecido PRN (Collor); Itamar (vice do Collor, que segundo minha modesta opinião não deveria ter assumido. Se o presidente sofre impeachment, da mesma forma deveria o vice); PSDB (FHC, por 8 anos); PT (Lula, mais 8 anos) e mais PT (Dilma). Isso sem falar do Sarney, que está por aí desde antes do golpe militar, e sempre nas cabeças. É muito pouco para um país que se quer democrático, e muita concentração de poder. 


Dúvidas: Não sei o quanto Marina vai conseguir mudar, isso se ela realmente o quiser. Não sei até onde a aliança com o partido de Campos vai, e se isso pode minar seu hipotético governo a partir do momento em que se começar a fatiar o governo em cargos para aliado. Não sei também, como ficará o congresso e se essa aliança de partidos nanicos terá algum poder de fogo ao legislar. Se não tiver, ou Marina terá que se abrir (leia-se cargos) aos inimigos da eleição (PT, PSDB e agregados) ou...

A Pior das hipóteses: Marina, durante 4 anos (ou 5, como ela quer, se conseguir aprovar a nova lei eleitoral), isolada, sem maioria na Câmara ou no Senado, recebendo seu salarinho sem conseguir aprovar nada.

A pergunta é: queremos tudo isso de novo? Mudar é sempre arriscado, mas repetir o erro não é algo motivador. Sei que, caso eu decida mesmo votar em Marina Silva, ou qualquer que seja o candidato, votarei também em seus confrades para o legislativo, para que não pereçam no limbo do imobilismo 
político. Amém
 

Chega-se ao ponto fatídico da questão: o presidencialismo, principalmente no Brasil, não funciona. Sempre fui adepto à República Parlamentarista, com um presidente como chefe de estado e um primeiro-ministro como chefe de governo, este último com a condição sine qua non de deter a maioria no congresso, sob pena de perder o cargo e gerar, automaticamente, novas eleições (para não penalizar, desta forma, o povo, os eleitores, que ficariam com um líder inerte por 4 anos, como ocorre aqui no país tropical).

Mas talvez ainda não estejamos preparados para tudo isso. Melhor nos acomodarmos e deixar tudo como está, não é mesmo?

Reflitamos sobre isso, pois pois...

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Da chuva e da morte

A chuva é sempre uma imagem poética que dá audiência. Batida e rebatida, todos a usam e sempre funciona. Assim como entes etéreos e eternos como o tempo, o vento, a vida, a morte, o nada, e etc etc e etc e talz.

Chuva é sinônimo de Joinville. Há mais de dois anos descobri esta definição que não se encontra nos melhores dicionários. A morte porém ronda. E muito embora as metáforas sejam boas e quase sempre definitivas, quando a morte deixa de sê-la (uma metáfora), torna-se um peso.

Uma das metáforas da chuva é o choro. Chover é o mundo que chora. Alguém que chove por dentro, chora, copiosamente. A união de elementos eternos, a morte e a chuva. São tristes. Literariamente eficazes. Humanamente insuportáveis. Céu e inferno, dois lados da mesma moeda.

Desde 2008, vejo a morte de perto. E a cada morte, um pouco de mim também morre. A intolerância, embora ainda de tamanhos incomensuráveis, diminui. É a vida a preparar-nos ao nosso fim. Ashes to ashes. Até lá estaremos acostumados.

Sempre relutei em admitir, mas a morte me fez escrever a coisa mais linda que realizei na minha vida, mas que se perdeu nesta labirinto chamado internet. Era um texto sobre a morte de meu avô e do nascimento de meu sobrinho, quase concomitantes. Espero um dia reencontrá-lo.

Foi triste demais escrever este texto. Lembro de ter chorado um monte após terminá-lo, e parece que a tristeza ali descrita e escancarada abarca todas as mortes posteriores que vivi. Presenciei mortes que em mim tiveram impacto semelhante a esta primeira, mas que por descaminhos incompreensíveis, não originaram nenhum texto.

A morte é uma merda. Um ser (um ser?) desprezível. Sou sempre um dos primeiros a questionar a morte, ou qualquer outra verdade eterna. Mas sem provas irrefuáveis, temos que admitir: ela existe. E fede pra caralho.

Minha esperança não é, como pensam, a imortalidade. Deixo isso para os tolos. Não penso, nem mesmo, na ubiquidade. A onisciência, para mim, é uma ostentação supérflua.

Quero somente, antes de minha morte, reecontrar o texto que escrevi. É a minha essência. Aquilo sou eu.


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Jogatina


Olhando de frente, vê-se dois prédios, um muito próximo ao outro. Vê-se que o da direita é mais antigo que o da esquerda e este, por sua vez, um pouco mais baixo que o primeiro.

A proximidade entre os dois prédios causa fenômenos no mínimo intrigantes. graças a isto, os apartamentos de baixo do prédio da direita não recebem nem um pingo de sol durante o dia (talvez algumas gotas com o sol a pino). E, por coincidência do destino ou por mera sacanagem do pedreiro, os apartamentos de ambos os prédios encaram-se frente a frente, sacada a sacada, janela a janela, na mesma altura. Se existir um voyeur entre os vizinhos, é o local indicado para bisbilhotagem anônima. A rotina escancarada elevada à última potência.

É ali onde eu, Zaratustra, habito. A minha caverna atual.

Recentemente mudou-se uma velhinha para o apartamento que fica em frente ao meu. Muito me fazem falta os antigos inquilinos, pois descobri que era dali que vinha o sinal wi-fi que eu emprestei por muitos meses. Infelizmente descobri somente quando sumiram.

Após alguns meses desocupado, mudou-se uma velha para o referido apê. Provavelmente não pode ou não gosta de pegar sol. Assiste pouca TV, e fuma bastante na sacada. Mas não vi nada disso. Quem me contou foi o voyeur do apê de cima.

Dias desses, distraído acabei por observar o apê da velhinha: ao redor de uma mesa redonda forrada com veludo verde, 4 ou 5 outras idosas, cada uma com muitas cartas em cada mão, sérias, numa jogatina ferrenha que deveria valer o ingresso para o baile da feliz idade. Não identifiquei o jogo, mas a coisa era séria, pois vi à tarde, saí de casa e voltei à noite e ainda estavam ali.

Não parece ser pôquer, ao menos não vejo fichas. Se fosse eu ia entrar na roda pra rapar a mesa das anciãs. Deve ser canastra ou pif. Sabe lá.

Seguidamente se reúnem, mas creio que ultimamente a coisa tem sido mais frequente. Anteontem ali estava, hoje também. Não me surpreenderia se estivessem há três dias seguidos ali, estáticas, uma tentando arrancar das outras a casa, o carro perdido na rodada anterior. Ou o ingresso pro camarote no baile de sexta à tarde.

Enquanto o mundo gira, a vida segue e outra rodada recomeça. O eterno retorno dos ases. Nesse momento porém uma percebeu que estou olhando... melhor disfarçar. Sob meus óculos escuros, às 23h, ninguém deve perceber que as observo.

Ela avisou as outras. Todas me encaram agora, com olhares ameaçadores. Mas velhinhas com olhares ameaçadores são sempre engraçadas, e me escapa uma risada. Agora mexem na bolsa. Devem procurar um guarda-chuva pra jogar em mim. Eu rio enquanto faço gestos imitando um jogo de cartas e abro mais uma cerveja.

Quando olho novamente, três armas na sacada apontando pra mim, a raiva pulsa em seus olhos. Meu último desejo?

Que a cerveja estivesse gelada.


quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A invenção da ubiquidade



Em fevereiro de 1999 tive a satisfação de poder assistir a uma semana literária ocorrida em Buenos Aires e dedicada ao centenário do nascimento do escritor argentino Jorge Luis Borges. De todos os eventos, o que mais me agradou foi a fala do parceiro e amigo de Borges, o escritor Adolfo Bioy Casares.

Durante uma de suas intervenções, em um debate sobre o livro O Aleph (que por coincidência calculada pelo próprio autor – ou por uma sutil ironia do destino – completava cinquenta anos de lançamento naquele mesmo ano), o escritor pôs-se a relatar um fato ocorrido em sua juventude na década de 30, poucos anos após ter sido apresentado a Borges . 
 
Ainda que com uma inevitável infidelidade vocabulária e linguística (graças à língua de origem, o espanhol, e aos anos que já se passaram desde então), reproduzo, na mais sincera e imparcial fidedignidade, possível o relato de Bioy Casares. Ei-lo:

“É a primeira vez que conto este episódio a alguém. Nem mesmo minha falecida esposa, Silvina, jamais soube do acontecido.

Após uma noite de divertimento entre vinhos e algumas garotas, no meio da madrugada encontramo-nos a sós em um bosque. Estávamos eu, Borges e alguns amigos jornalistas e escritores, caminhando, conversando e rindo de nossas histórias patéticas, certamente já ébrios, quando sentimos uma garoa fina e breve. Em nosso estado não nos foi possível perceber, num primeiro momento, nada de estranho ao redor.

Seguimos até sentirmos novamente a mesma garoa, vinda após o ruído de algo sendo atirado em um lago, como um peixe ou uma pedra. Apesar de estarmos longe da cidade, nas redondezas não existia curso d'água algum. Demos, por fim, de ombros e caminhamos por mais uns dez minutos, talvez, até sentirmos de novo a garoa, subitamente após o estalo d'água. Paramos, olhando-nos intrigados. Mais um estampido e eu e Borges notamos uma gota que caía e, em frente aos nossos olhos, diminuía de velocidade, retomando em seguida seu movimento elíptico para cima.

'Estou vendo coisas', pensei. Poderia ser a ressaca, o delírio. Mas não. Era a realidade. E as gotas, também reais, respingavam em nós vindas de cima, ignorando o que chamava-se até então de força gravitacional. Eu estava perplexo, assim como todos os outros colegas ali presentes, mas Borges sorria. Parecia saber do que se tratava.

Ao olharmos para cima, vimos o inacreditável: havia um lago sobre nós, de onde os peixes pulavam e, após suas aterrissagens – de ponta cabeça – as gotas saltitavam em nossas faces descrentes. Foi quando nos demos por conta: estávamos em um ponto onde podíamos interagir com inúmeros locais concomitantes, complementares, simultâneos e, ao mesmo tempo, absurdos e inverossímeis. 
 
Devo adverti-los que o absurdo e a inverossimilhança destas paisagens se resumiam no fato da impossibilidade delas coexistirem daquele modo, dentro do que conhecemos como mundo, e do que supomos seja a realidade (seguindo as 'leis' que aceitamos, durante a existência humana, como regentes do universo). Naquele exato instante, contudo, aquelas paisagens eram tão naturais e críveis como qualquer estímulo visual cotidiano.

Podiámos vê-las e tocá-las, mas não nos era possível crer em nossos sentidos. Tudo se completava e se desmentia diante de nossos olhos incrédulos. Borges conhecia aquele lugar, e ali nos trouxera, sorrateiramente. Ele sorriu, sugerindo uma condescendência amistosa e cúmplice com nossa ignorância.

Após este dia, nunca nenhum dos presentes retomou este assunto. Era como um segredo compartilhado apenas com olhares que, caso revelado, seria certamente tomado por uma alucinação coletiva. Embora repleto de testemunhas, jamais poderia ser levado a sério. Tentei algumas vezes voltar ao local, mas nunca reencontrei o caminho. Eu era apenas um jovem, nos meu vinte e poucos anos, e minha memória relembra o episódio como uma invenção fantástica, um sonho, uma paisagem surreal criada pela minha cabeça, inalcançável, ininteligível. Mas, apesar de tudo, ainda palpável.
Em 1949, uma década depois e no mesmo ano em que completou cinquenta anos de idade, Borges lançou seu famoso livro de contos O Aleph. Algumas coisas então começaram a se explicar.”

Findo o relato, os presentes estavam estupefatos. Não acreditavam no que acabavam de ouvir, mas o modo como foi contado fora tão eficiente que chegou a convencê-los do contrário.

A amizade entre os dois grandes escritores é sabida, mas a origem do Aleph continua um mistério.
No prólogo para a edição inglesa de 1970, Borges define este “objeto” assim: “o que a eternidade é para o tempo o Aleph é para o espaço”. No conto, o narrador o descreve como uma esfera de mais ou menos três centímetros. Por outro lado, a fala de Bioy Casares menciona paisagens concomitantes e, ainda por cima, palpáveis. Qual das versões torna-se mais convincente? 
 
Tomando como premissa que o local descrito exista mesmo e tenha inspirado Borges, é nítida sua intervenção literária ao transformá-lo em uma esfera: um objeto sem início e sem fim que simboliza, de modo esteticamente perfeito, assuntos caros à sua obra, como o infinito, o absurdo, o fantástico.
E Bioy Casares, teria querido brincar com o misticismo em torno do célebre conto? Nunca saberemos o que realmente se passou: se a verdade, uma invenção, uma brincadeira ou se foi apenas mais um jogo literário de dois mestres, que viam a realidade como apenas mais um dentre vários gêneros literários.

Bioy Casares relatou esta história, pela primeira e única vez, em fevereiro de 1999. Em oito de março do mesmo ano, veio a falecer. Eu, contudo, nunca estive em Buenos Aires. Mas pude presenciar seu belo discurso. Apesar do tempo que passou desde então, lembro-me como suas palavras soaram verdadeiras, e provavelmente o eram. Não me recordo, contudo, se eu estava diante de uma esfera ou de infinitas paisagens. A emoção do momento abarcou minhas lembranças. Mas posso dizer, sem a menor sombra de dúvida, que eu tinha o universo diante de mim.


(Imagem: Jacek Yerka - "Krysia's Garden")