sexta-feira, 23 de julho de 2010

O pingo

Era um pingo que caiu no meu olho enquanto eu caminhava apressado, às 7h38 da manhã, logo após uma inteira madrugada de trabalho, fria e chuvosa, que parecia não mais terminar. 

Chuva esta que caía desde às 21h do dia anterior, alguns minutos antes de eu me acordar a contragosto de um cochilo providencial. Meus olhos queriam manter-se fechados. Água gelada no rosto pro choque térmico inicial de qualquer dia de trabalho. No meu caso, noite. Um copo (d'água, não d'uísque). O trabalho, a chuva. 

A madrugada passou lenta. A chuva, a mesma ainda, rumorejava pelas frestas das janelas. O relógio, estupefato, paralisou-se. Da minha mesa, através do vidro eu olhava o rio sendo molhado pelo pé da água, que aos poucos diminuía.

O rio, passou. O trabalho, enfim, está dito e feito. Fui-me embora.

A chuva, a esta altura, parecia finalmente ter cessado. Foi quando olhei para o céu, e o pingo caiu no meu olho. Pisquei, mas meus olhos já se piscavam do sono.

O pingo foi apenas a gota d'água.

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Texto ignorado em um concurso de contos curtos.

5 comentários:

  1. mas não ignorado por esse leitor
    muito bom fiao
    aoo

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  2. Porra alemão, podemos montar uma coletânea de textos ignorados por concursos.... eu tenho alguns aqui aqui tb..auhauhaua. algo como "a merda fora da privada". porra alemão, não podemos desistir! falta pouco para os 30!

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  3. Ora, finalmente o achei! Agora você não me escapa! Seus dias estão contados.

    Brincadeira. Eu já havia visto seu blog antes, em decorrência do google sempre apontar o meu blog ou o seu dependendo do termo pesquisado.

    Aparentemente, possuímos a mesma sina em relação aos contos rejeitados por concursos.

    Um abraço!

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  4. Muito bom, como podem ignorar tanto talento???!!
    Parabéns primão!Bj!

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