terça-feira, 21 de outubro de 2014

ESTAR


As mãos tremem,
o cansaço é mais
que físico.

Aliás, o cansaço
físico é o melhor
dos cansaços,
pois sabe-se a causa
direta,
suas consequências,
e como tratá-lo.

O cansaço psíquico,
mental,
é o verdadeiro
cansaço,
é a ruína de uma
pessoa,
são os nervos
à flor da pele,
e o estresse,
o caos do mundo,
na mente
de um vagabundo.

Perde-se a noção,
perde-se o norte,
e todos mais
dos pontos cardeais.

Não quero a vida
como um peso
a se carregar.

Não quero a vida
como uma
eterna luta.

Não quero uma
luta eterna
em meus parcos
dias.

Quero somente a paz,
a tranquilidade,
a magia de nada querer,
o ócio alegre de estar,
apenas estar,
sem precisar
exigir
nem ser
exigido.

Estar.

Não importa
onde
nem importa
quando.

Quero estar
sem metas,
estar sem
ter que
matar
clientes
diários.

O sol, sob o
aspecto do
estar,
é não mais
que um brilho
eterno
em um retrato
de Van Gogh.

O brilho eterno
é aquilo
que nos dá
motivação,
que nos atrai,
que nos quer
sem contudo
nos atrapalhar
com suas mãos
cheias de dedos
e seus dedos
cheios de dados,
calendários cheios
de datas,
verdades
cheias de mim.

Estou cheio das
verdades
alheias
e perenes
e fatais,
quero só
a mente,
somente.

No ar
No ar
No vento
ser o
que
não se
sabe
como
é.

Sou.
Somente sou
no
estar
aqui.

Se aqui
é a
verdade,
que seja
a obviedade
do não
o
remédio
para o caos
do mundo
em mim.

Que o não
seja o
meio,
para o
fim
glorioso
do
talvez.

Estar é
o que se
quer.

Entre,
abra a porta, pois
entre
as portas
há um vazio, um
vão,
por onde
vão
nossas dúvidas.

estar ou não
estar:
eis a questão.

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