quinta-feira, 21 de abril de 2011

Zaratustra e a Engenharia Hawaiiana

Ontem o Humberto Gessinger esteve em Londrina, batendo um papo com a galera e dando autógrafos para os interessados, lançando seu novo livro (o terceiro), Mapas do Acaso, que fala um pouco da sua vida e da carreira com os Engenheiros do Hawaii, comentários sobre letras e etc.

A foto ao lado ficou uma merda e sabe lá porque razões o cara resolveu autografar a capa, ao invés da primeira página do livro. Talvez porque a foto da capa também tenha ficado uma merda. Rabiscou tudo e escreveu, com caneta hidrográfica:

Valeu, Gérson! 
1berto

Resultado: hoje borrou a capa inteira enquanto eu a segurava, num gesto banal de quem lê livros. A foto do Gessinger ficou parecendo o Curinga do Batman, todo borrado. O meu dedo ficou azul. Uma maravilha.

É um livro pra quem gosta de Engenheiros, até porque quem não gosta nunca compraria um cd, imagina um livro. Foi uma pena que tive a ideia de trazer meus vinis para autografar apenas alguns minutos antes de tudo começar, o que foi fatal. Fiquei sem meus oito vinis autografados, mas ganhei uma capa borrada. Melhor que nada.


Um dos primeiros LPs que ganhei, lembro-me até hoje, foi O papa é pop. Era o ano de 1990, eu tinha 9 anos, morava em Caxias do Sul e escutava na rádio diariamente a versão Hawaiiana de Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones, regravação do sucesso da banda Os Incríveis da Jovem Guarda (que por sua vez é uma versão de uma música italiana de 66 interpretada por Gianni Morandi).

Sei que ganhei o disco e pirei. Ficava horas e horas ouvindo, lendo o encarte e tentando entender frases como "A violência travestida faz seu trottoir". Talvez por causa da idade, decorei as músicas sem pensar muito no que diziam, e volta e meia, até hoje, acontecem "estalos" de entedimento. Nos anos seguintes, já devidamente morando na minha cidade natal, fui adquirindo outros LPs com a mesada, isso quando eu não a gastava inteira nos fliperamas, enquanto matava aula. Lembro de ter feito um trato com meu primo Alemão de Santo Ângelo em que cada um compraria um vinil diferente a fim de completar mais rápido a coleção, em seguida gravaríamos os vinis faltantes um do outro em fitas k7, para poderem ser reproduzidas em nossos walkmans. Mas o trato foi por água abaixo quando vim morar no Paraná.

Eu tinha 14 anos, já tinha visto shows do Barão Vermelho e do onipresente Jimmy Cliff no interior do Rio Grande. Porém fui ver de perto os Engenheiros do Hawaii pela primeira vez somente em Maringá. Era o ano de 2001 (ou seria 2002?). De lá pra cá, mais dois shows em Arapongas e um em Londrina, no Moringão.

Já fui mais fanático. Quando criança, uma das brincadeiras na qual eu passava horas e horas, tardes, dias, era pegar as músicas dos Engenheiros e criar letras novas em cima. Eu me divertia com isso. Lembro de algumas de minhas pérolas musicais até hoje, que por bom senso a para preservar a saúde mental dos poucos leitores que se dignaram a chegar até aqui, não reproduzirei neste blog.

Com a chegada da adolescência coincidindo com a chegada em uma cidade maior, comecei a ouvir outras coisas, a maioria um punk pop rock dos anos 90, como Green Day, Offspring, Bad Religion, Pennywise entre outros, e abandonei os Engenheiros por bons anos. Até ouvir novamente, já perto dos vinte, e ver que ainda eram bons pa carai.

Hoje não sei. A fase áurea - quem gosta sabe - foi com a formação clássica, que durou até 93. Mas acho discos como Simples de Coração de 95 e o primeiro Acústico MTV geniais. Porém uma sequencia grande de discos ao vivo como ali, que foram 3 ou 4, ficou meio chato. Agora, com o Pouca Vogal, mudou tudo. Mas mesmo nos piores discos, como Minuano e Dançando no Campo Minado, alguma pérolas sempre encontramos.

E apesar de ter um livro borrado e com a capa rabiscada, o que mais importa é a música. Ei-la:



E tenho dito.

4 comentários:

  1. Foi muito boa a fala do Gessinger...
    realmente mesmo os discos menos bons tem boas sacadas!
    De longe o melhor letrista da geração 80.

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  2. muito bom Gerson. e é engraçado oq ue voce falou de estalos de entendimento. tem musicas que escutei minha vida inteira e as vezes eu escuto hoje e entendo alguma coisa dela que nunca tinha entendido ou parado para pensar.

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  3. porra alemão. muitas considerações. porra, vocês em londrina ainda têm lançamento de livro do 1mberto, mas e nós, em Ijuí-Santo Ângelo? Não temos nada, pois moramos no meio do NADA!Uma merda, como tu bem sabe. Sobre os LPs e K7, bah, eh vero, lembro que eu também fazia letras, paródias, etc. Minha história é a seguinte: eu vi numa vitrine a capa do Várias Variáveis e vi que tinha o símbolo do Grêmio e quis o disco, que, entretanto, não ganhei. Mas aí tu ganhou e eu gravei. Só depois de ter gravado que vi que tinha também o do Inter... mas aí eu já tinha gostado do troço...
    Depois, como tu disse, tu fugiu para Londrina e nosso trato se escafedeu... Mas tive uma ideia: publicar tua carta que tu escreveu logo que vocês chegaram em londrina... é muito engraçada alemão! uerheuheuheuhe. vai render boa audiência... abraço aê alemão, porra!

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  4. Cara, o Humberto é um poeta da música... gosto muito de algumas letras dos tempos de Engenheiros e agora no Pouca Vogal, com o ex-vocal do Cidadão Quem, ficou uma dupla muito afinada... hehe

    fiquei imaginando essas letras que tu e o Ritter faziam... devia sair cada coisa... hahaha

    abraço ae manolo!

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