O maior dos porres não consegue amenizar a pior das dores, o sentimento vago no peito. Apenas o protela. Pois vem a inconsciência, a loucura, o êxtase, o sono, a ressaca, a noite mal dormida, a boca seca, a dor de cabeça, as revoluções do estômago e isso acaba por preencher nosso dia, mas não o vazio. E ele é adiado o suficiente até conseguirmos senti-lo de novo e, mais uma vez, nos inebriarmos de embustes.
E por mais que ganhemos dinheiro, que possamos andar de carro, que encontremos uma bela mulher - e façamos amor com ela - que ouçamos uma música interessante, nada preenche realmente o vazio. E é por isso que trocamos de carros, de empregos, de mulheres, de cd's. Para tentar preencher o vazio que nunca é satisfeito. Como se ele absorvesse o que nele colocamos para mais tarde esvaziar-se novamente. E essa é a eterna busca do homem. A busca incerta de não se sabe o quê.
(*) O título é uma breve citação/homenagem a Henry Charles Bukowski in: Factotum, 1975.
segunda-feira, 11 de dezembro de 2006
quinta-feira, 30 de novembro de 2006
As Anedotas do Sr. Orgasmo*
O mais esperado lançamento das livrarias nos últimos tempos não é nada do Paulo Coelho nem livros de culinária (como aquele estrondoso sucesso "Quem mexeu no meu queijo?"), mas sim a autobiografia de um pequeno jogador de futebol. E não digam que estou implicando por ser argentino, mas se eu chamar ele de grande, o que sobra pro Júnior Baiano?
Estou falando de Don Dieguito Maradona. O menor, ou um dos menores, jogadores de futebol de todos os tempos. Acho que ganha do Juninho Paulista. Finalmente Dieguito descubriu sua veia(!) literária. E logo na orelha do livro já diz que o título refere-se a uma obra famosa de um grande escritor norte-americano, chamado John Fante, que ele admira muito.
O título? "Pergunte ao pó".
* Sr. Orgasmo é guardador de carros, filósofo contemporâneo e crítico literário nas horas vagas. Além dos estudos sobre as novas tecnologias da informação e seu impacto na sociedade, é especialista em Literatura Fantástica Latino-americana.
Estou falando de Don Dieguito Maradona. O menor, ou um dos menores, jogadores de futebol de todos os tempos. Acho que ganha do Juninho Paulista. Finalmente Dieguito descubriu sua veia(!) literária. E logo na orelha do livro já diz que o título refere-se a uma obra famosa de um grande escritor norte-americano, chamado John Fante, que ele admira muito.
O título? "Pergunte ao pó".
* Sr. Orgasmo é guardador de carros, filósofo contemporâneo e crítico literário nas horas vagas. Além dos estudos sobre as novas tecnologias da informação e seu impacto na sociedade, é especialista em Literatura Fantástica Latino-americana.
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Senhor Orgasmo
Rascunhos fantásticos em espanhol
Todos los sábados por la tarde Juan tenía la costumbre de sentarse en su red y leer sus libros preferidos. Sin embargo esta tarde encontró un libro que no se acordaba de haberlo comprado. Lo miró y lo escogió como la lectura del día. Era la historia de un hombre que todos los sábados por la tarde tenía la costumbre de sentarse en su red y leer sus libros preferidos. Su nombre era Juan.
Leyó el primer párrafo y se quedó paralizado. Todos los libros leídos en su vida, y su propia vida, le pasaron en dos minutos delante de sus ojos. Los sentimientos eran varios pero en poco tiempo Juan sintió la felicidad de un sensacional descubrimiento y la tristeza decepcionante de las derrotas. Había revelado el sentido de su vida, el origen de todos alrededor. Y también el desaliento de descubrirse un mero personaje literario.
Y lo peor, habían llegado al final del libro.
Leyó el primer párrafo y se quedó paralizado. Todos los libros leídos en su vida, y su propia vida, le pasaron en dos minutos delante de sus ojos. Los sentimientos eran varios pero en poco tiempo Juan sintió la felicidad de un sensacional descubrimiento y la tristeza decepcionante de las derrotas. Había revelado el sentido de su vida, el origen de todos alrededor. Y también el desaliento de descubrirse un mero personaje literario.
Y lo peor, habían llegado al final del libro.
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sábado, 25 de novembro de 2006
O Caso Morel - Rubem Fonseca
"Suspeito que o universo não é apenas mais estranho do que supomos - é mais estranho do que somos capazes de supor"
Eu recomendo.
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Rubem Fonseca
domingo, 19 de novembro de 2006
Merry Christmas
Kátia estava se acomodando, quando chegou Chan para fazer-lhe companhia. Cumprimentaram-se.
- Olá, meu nome é Kátia. Katiaça. E você?
- Sou Chan Panhe, prazer.
- O prazer é todo meu.
Kátia e Chan conversavam animadamente, enquanto ia servindo comida à vontade: um peru assado, arroz, saladas e, como sobremesa, uma salada de frutas com um creme fenomenal. Ficaram um tempo deliciando-se com a comida, quando surgiu mais um acompanhante.
- Veja, Kátia, é a Cer!
- Quem?
- A Cer, veja!
- Olá pra todas! - disse Cer animadamente - Como estão minhas amigas?
- Ótimas! - responderam em uníssono, sorrindo!
- Que bom, hoje estou animada, não quero ninguém dormindo, hein?
E foram as três, sacolejando, para a boate. Chegando lá, meia-hora na fila, mas entraram, e, de cara, encontraram a pessoa mais estranha da região. Não se contiveram e começaram a cochichar, assim que o avistaram adentrando o recinto.
- Quem é aquele?
- Não conhece?
- Não, mas confesso que nunca vi ninguém tão assim, digamos, estranho.
- O nome dele é Johnny, mas é mais conhecido como Uísque Zito. Cara estranho. Dizem que morou 8 anos em uma casa de madeira em formato de barril.
- É, parece que a casa era feita de carvalho.
- Que cara estranho!
- Olá meninas, disse Johnny, caminhando, como está a noite? Me parece de alta graduação!
- Não falei que era estranho? - cochichou Kátia para Chan.
Johnny não parava. Quando veio da Escócia, seu apelido era Walker, pois não parava de caminhar pra lá e pra cá, sempre entrando, a toda hora, nos lugares. Johnny olhou para Cer, piscou o olho pra ela e disse:
- Gostei de você Cer. Veja bem, fazemos um belo par, se a gente se misturar, podemos fazer loucuras, ficar doidos, caminhar bastante, entende, né? - e sorriu maliciosamente. Cer correspondeu:
- Gosto de caras diferentes. Vamos pirar o cabeçote!
Então Johnny e Cer se alternavam na dança. E o lugar começou a girar, a música alta, luzes piscando, Johnny e Cer se abraçam e se beijam, o estroboscopismo correndo solto, mão aqui e mão ali, Cer resolve ir embora, então chega a dona da festa, olhou pra Johnny e se apresentou:
- Olá Johnny!
- Olá. Conheço você de algum lugar.
- Já deve ter me visto por aí. Sou absoluta nas baladas. Prazer, Vodka.
Johnny tinha uma paixão por russas. Bebeu-a, gole por gole, saboreando-a. Depois beijou-a apaixonadamente e disse:
- To doidão.
- Estamos os dois. Me bebe mais.
- Num güento. O dono do recinto ejagerou dessa veiz. Muitos convidados pruma noite só. Vou reclamar com ele.
- Deixa ele. Tem que beber mesmo. Vamos dormir.
A boate Estômago então encheu-se de risóles de frango, o último petisco da noite, e todos dormiram abraçados, sorrindo, pensando alegremente nas nuvens faceiras do céu azul que amanhecia, a inebriante felicidade de beber e beber e beber e dormir bem, e tudo acabou-se feliz naquela noite de verão, Papai Noel sorria satisfeito e disse pra Mamãe Noel:
- Te amo, véia
- Olá, meu nome é Kátia. Katiaça. E você?
- Sou Chan Panhe, prazer.
- O prazer é todo meu.
Kátia e Chan conversavam animadamente, enquanto ia servindo comida à vontade: um peru assado, arroz, saladas e, como sobremesa, uma salada de frutas com um creme fenomenal. Ficaram um tempo deliciando-se com a comida, quando surgiu mais um acompanhante.
- Veja, Kátia, é a Cer!
- Quem?
- A Cer, veja!
- Olá pra todas! - disse Cer animadamente - Como estão minhas amigas?
- Ótimas! - responderam em uníssono, sorrindo!
- Que bom, hoje estou animada, não quero ninguém dormindo, hein?
E foram as três, sacolejando, para a boate. Chegando lá, meia-hora na fila, mas entraram, e, de cara, encontraram a pessoa mais estranha da região. Não se contiveram e começaram a cochichar, assim que o avistaram adentrando o recinto.
- Quem é aquele?
- Não conhece?
- Não, mas confesso que nunca vi ninguém tão assim, digamos, estranho.
- O nome dele é Johnny, mas é mais conhecido como Uísque Zito. Cara estranho. Dizem que morou 8 anos em uma casa de madeira em formato de barril.
- É, parece que a casa era feita de carvalho.
- Que cara estranho!
- Olá meninas, disse Johnny, caminhando, como está a noite? Me parece de alta graduação!
- Não falei que era estranho? - cochichou Kátia para Chan.
Johnny não parava. Quando veio da Escócia, seu apelido era Walker, pois não parava de caminhar pra lá e pra cá, sempre entrando, a toda hora, nos lugares. Johnny olhou para Cer, piscou o olho pra ela e disse:
- Gostei de você Cer. Veja bem, fazemos um belo par, se a gente se misturar, podemos fazer loucuras, ficar doidos, caminhar bastante, entende, né? - e sorriu maliciosamente. Cer correspondeu:
- Gosto de caras diferentes. Vamos pirar o cabeçote!
Então Johnny e Cer se alternavam na dança. E o lugar começou a girar, a música alta, luzes piscando, Johnny e Cer se abraçam e se beijam, o estroboscopismo correndo solto, mão aqui e mão ali, Cer resolve ir embora, então chega a dona da festa, olhou pra Johnny e se apresentou:
- Olá Johnny!
- Olá. Conheço você de algum lugar.
- Já deve ter me visto por aí. Sou absoluta nas baladas. Prazer, Vodka.
Johnny tinha uma paixão por russas. Bebeu-a, gole por gole, saboreando-a. Depois beijou-a apaixonadamente e disse:
- To doidão.
- Estamos os dois. Me bebe mais.
- Num güento. O dono do recinto ejagerou dessa veiz. Muitos convidados pruma noite só. Vou reclamar com ele.
- Deixa ele. Tem que beber mesmo. Vamos dormir.
A boate Estômago então encheu-se de risóles de frango, o último petisco da noite, e todos dormiram abraçados, sorrindo, pensando alegremente nas nuvens faceiras do céu azul que amanhecia, a inebriante felicidade de beber e beber e beber e dormir bem, e tudo acabou-se feliz naquela noite de verão, Papai Noel sorria satisfeito e disse pra Mamãe Noel:
- Te amo, véia
sexta-feira, 10 de novembro de 2006
Surtos
A sala improvisada transformada em uma quase-biblioteca estava na penumbra, com as luzes apagadas. Da janela semi-aberta, um vento leve fresco soprava, dando ao ambiente uma temperatura agradável, que eximia ao seu ocupante a necessidade de ventiladores ou condicionadores de ar, mesmo em pleno janeiro. A cortina ondulava calmamente, como se uma cortina pudesse ter calma, e insetos perdidos regularmente esbarravam seus pequenos corpos voadores contra o vidro fosco, guiados pelo brilho do monitor que os atraía.
Na cadeira em frente ao computador, um escritor trabalhava calmamente, no silêncio, colocando e misturando as palavras, invertendo-as e transformando-as em outras. Era alta madrugada, morava sozinho e, como acontecia todas às noites, escrevia, às vezes para esquecer-se da vida, outras vezes para lembrar-se dela. Da vida. Distrair-se.
Bebericava um refrigerante, beliscava um salgadinho industrializado e escrevia. O teclado engordurado refletia em sua gosma as luzes do monitor. O monitor antigo, encardido, mesmo quando limpo, não se separava da sujeira, sua grande companheira. A sujeira era como algo de séculos, embora regularmente limpa a casa, impregnou-se de tal maneira que dava à sala o aspecto de descoberta arqueológica, não fossem os equipamentos modernos ali instalados.
Durante um surto de criatividade, que obrigou o escritor a ficar meia hora sem beliscar seus salgadinhos preferidos e seu refrigerante, durante esse meio tempo, ele ouviu um barulho. Parou. Olhou ao redor e, como não podia ser diferente, não encontrou ninguém. Voltou a escrever. Passados mais alguns instantes de continuação do êxtase literário, o barulho ocorre novamente. Analisou com calma, parecia um ronco, um bicho, algo assim, forte. Por acaso lembrou-se da TV ligada, contudo não atentou para o detalhe de que estava no volume mínimo, fato que, caso ocorrido, poderia ter mudado seu destino. Mas não mudou. Desligou a TV e, ao sentar-se, ouviu outra vez o bramido, mais próximo do que antes. Percorreu todos os cômodos da casa, fechou as janelas ainda abertas, examinou cada canto para conferir se alguém ou algum bicho havia entrado. Após estar certo de sua solidão, pegou uma faca - ele havia votado a favor do desarmamento no plebiscito, e gostava de mostrar-se coerente - e deixou-a ao seu alcance. Sentou-se, um tanto impregnado pelo medo, outro pela incerteza, e mais um pouco da certeza de que alguma coisa estava para acontecer.
Voltou a escrever. Quando pensava em ir à cozinha pegar outro pacote de salgadinhos, ao girar a cadeira, ouviu pela última vez o rugido, como um urro, mais alto e intenso, como um animal lançando-se ao ataque. Paralisado, consegue apenas olhar o rinoceronte que avança em sua direção, com o chifre apontando sua testa. Morreu de pânico, antes de ser perfurado pelo olho.
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domingo, 5 de novembro de 2006
As Anedotas do Sr. Orgasmo*
Esses dias umas meninas estacionaram aqui e tavam falando quem ficou com quem, quem fez sexo com quem... daí de repente me lembrei da minha filha e minha preocupação acabou. Esses dias descobri que ela fazia sexo virtual e fiquei um pouco preocupado, achei que ela tinha problema. Agora sei que o máximo que pode acontecer é ela parir um disquete.
* Sr. Orgasmo é guardador de carros e filósofo contemporâneo. Atualmente dedica-se ao estudo das novas tecnologias da informação e seu impacto na sociedade.
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segunda-feira, 30 de outubro de 2006
A expectativa é a única a esvaecer
E hoje lá ia eu andando por estas ruas, que nos países de fala espanhola são chamadas de calles, e topei com um abstêmio. Me disse - e fez questão de me antes de dizer - que as auréolas hoje são raras e, como um bom taciturno, não se locupletava indistintamente. Sorumbático de espanto, esquizofrenei-o de interrogações exclamativas exigindo melhoras, mas não as obtive. O abstêmio, com aquele ar escalafobético intrínseco àqueles que primam pela excentricidade extrínseca e concêntrica, anatematizou-me e, trêfego, como convém aos abstêmios, exauriu pela fresta à direita.
Com opróbrios nauseabundos, exteriorei minha cólera. Não pude catequizar-me sob tal suspeição. Obcecado, ermo e lúgubre, o vento enlevou minhas memórias a tal ponto que chafurdaram nas lamas do brejo de lava incandescente.
Qüiproquós guincharam desesperados. The return has begun. Por ora, horas não são bem vindas, nem bem vistas. Inebriado pela exasperação do acontecido, entornei a garrafa de Água benta até virar abstêmio.
Fui traído.
Com opróbrios nauseabundos, exteriorei minha cólera. Não pude catequizar-me sob tal suspeição. Obcecado, ermo e lúgubre, o vento enlevou minhas memórias a tal ponto que chafurdaram nas lamas do brejo de lava incandescente.
Qüiproquós guincharam desesperados. The return has begun. Por ora, horas não são bem vindas, nem bem vistas. Inebriado pela exasperação do acontecido, entornei a garrafa de Água benta até virar abstêmio.
Fui traído.
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terça-feira, 24 de outubro de 2006
segunda-feira, 2 de outubro de 2006
Zaratustra e a nova morada
Despejado de sua caverna, Zaratustra, o ébrio, refugia-se onde os governantes não cobram impostos, além do bem e do mal.
Em busca de nostalgia, guardamos o endereço da antiga casa. www.assimfalhouzaratustra.blogger.com.br
Retornamos, como o tempo, que retorna.
Em busca de nostalgia, guardamos o endereço da antiga casa. www.assimfalhouzaratustra.blogger.com.br
Retornamos, como o tempo, que retorna.
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