"(...) Figured in the disjointed signifier of the present, this supplementary third space introduces a structure of ambivalence into the very construction of Jameson's internationalism. There is, on the one hand, a recognition of the interstitial, disjunctive spaces and signs crucial for the emergence of the new historical subjects of the translational phase of late capitalism. However, having located the image of the historical present in the signifier of a 'disintegrative' narrative, Jameson disavows the temporality of displacement which is, quite literally, its medium of communication. For Jameson, the possibility of becoming historical demands a containment of this disjunctive social time."
Homi K. Bhabha - How newness enters the world: Postmodern space, postcolonial times and the trials of cultural translation in The Location of Culture. London ; New York: Routledge, 1994
Nao sei porque tudo isso me faz lembrar do Fabuloso gerador de lero-lero, que tanto me inspirou na graduaçao e a tantos ainda inspira.(digite no google pra descobrir do que se trata)
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
domingo, 22 de novembro de 2009
Domingo
O domingo hoje passou lento. Pouca gente. Pouco movimento.
Nem as moscas, a me encher a paciencia, apareceram
O domingo foi tao lento, mas tao cheio de nada, que pra se ter uma idéia de que nao poderia ser mais monòtono, nao recebi nem mesmo um spam no meu email. Nem unzinho.
Pois é, amigo. Tem dias em que o dia nao passa.
E esse dia é hoje.
* * *
James Joyce, Jorge Luis Borges, Samuel Beckett e Vladimir Nabokov. Segundo um critico italiano, esses 4 definiram as coordenadas mentais da narrativa no século XX. Seja là o que isso quer dizer.
Coordenadas mentais...é interessante este uso de termos vagos que soam bem e impoem um certo respeito ao texto. Uma coordenada mental ninguém sabe o que é, deduz-se que seja algo como "estrutura psicològica da narrativa", ou padroes, sei là. Acho que fiquei mais vago ainda.
Mas o importante é o que importa, o resto é o que sobrou. E a verdade é outra e diversa. Ou nao.
O futuro...no domingo vazio se pensa muito no futuro. E é logo ali.
Nem as moscas, a me encher a paciencia, apareceram
O domingo foi tao lento, mas tao cheio de nada, que pra se ter uma idéia de que nao poderia ser mais monòtono, nao recebi nem mesmo um spam no meu email. Nem unzinho.
Pois é, amigo. Tem dias em que o dia nao passa.
E esse dia é hoje.
* * *
James Joyce, Jorge Luis Borges, Samuel Beckett e Vladimir Nabokov. Segundo um critico italiano, esses 4 definiram as coordenadas mentais da narrativa no século XX. Seja là o que isso quer dizer.
Coordenadas mentais...é interessante este uso de termos vagos que soam bem e impoem um certo respeito ao texto. Uma coordenada mental ninguém sabe o que é, deduz-se que seja algo como "estrutura psicològica da narrativa", ou padroes, sei là. Acho que fiquei mais vago ainda.
Mas o importante é o que importa, o resto é o que sobrou. E a verdade é outra e diversa. Ou nao.
O futuro...no domingo vazio se pensa muito no futuro. E é logo ali.
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sábado, 21 de novembro de 2009
O pendulo de Foucault
Depois de meses lendo o famigerado exemplar acima nominado, finalmente terminei de ler o livro de Umberto Eco. No meu antigo blog devo ter feito alguns posts comentando do livro.
O final da leitura de livros gigantescos como esse (mais de 600 pag) sempre sao interessantes. O livro, aliàs, começa perto do fim e o narrador aos poucos desenvolve a historia contando o que aconteceu atè ele chegar onde està. E isso se estende por mais da metade do livro. Depois, o final è inicialmente arrebatador, mas me decepcionei na ultima pagina. Pareceu que o Eco nao sabia como terminar e decidiu por fim ao livro de um modo um pouco reticente, sem tanta emoçao.
Ao mesmo tempo que eu terminava de ler, fazia minha primeira traduçao pro mestrado, que era um excerto do Otelo de Shakespeare, do Ingles arcaico pro italiano. Me debati durante uma semana sobre o livro e, especialmente, sobre esse trecho. Um dia antes de terminar a traduçao faltavam 2 frases que eu nao achava um resultado satisfatòrio. Aì resolvi tomar uma cervejinha pra refrescar a cuca e tudo se resolveu.
A pròxima semana serà minha primeira aula do mestrado, em que verei o real resultado de tudo isso, e começo a analisar as vantagens e desvantagens de um mestrado em duas lìnguas estrangeiras. Veremos.
Entao transcrevo a voces, em primeira mao, o excerto do Ato V Cena II do Otelo no original em ingles e na minha traduçao em italiano, pra nao deixar esse blog abandonado às moscas:
LODOVICO: You must forsake this room, and go with us:
Your power and your command is taken off,
And Cassio rules in Cyprus. For this slave,
If there be any cunning cruelty
That can torment him much and hold him long,
It shall be his. You shall close prisoner rest,
Till that the nature of your fault be known
To the Venetian state. Come, bring him away.
OTHELLO: Soft you; a word or two before you go.
I have done the state some service, and they know’t.
No more of that. I pray you, in your letters,
When you shall these unlucky deeds relate,
Speak of me as I am; nothing extenuate,
Nor set down aught in malice: then must you speak
Of one that loved not wisely but too well;
Of one not easily jealous, but being wrought
Perplex’d in the extreme; of one whose hand,
Like the base Indian, threw a pearl away
Richer than all his tribe; of one whose subdued eyes,
Albeit unused to the melting mood,
Drop tears as fast as the Arabian trees
Their medicinal gum. Set you down this;
And say besides, that in Aleppo once,
Where a malignant and a turban’d Turk
Beat a Venetian and traduced the state,
I took by the throat the circumcised dog,
And smote him, thus.
[Stabs himself.]
LODOVICO: O bloody period!
GRATIANO: All that’s spoke is marr’d.
OTHELLO: I kiss’d thee ere I kill’d thee: no way but this;
Killing myself, to die upon a kiss.
[Falls on the bed, and dies.]
CASSIO: This did I fear, but thought he had no weapon;
For he was great of heart.
LODOVICO: [To Iago] O Spartan dog,
More fell than anguish, hunger, or the sea!
Look on the tragic loading of this bed;
This is thy work: the object poisons sight;
Let it be hid. Gratiano, keep the house,
And seize upon the fortunes of the Moor,
For they succeed on you. To you, lord governor,
Remains the censure of this hellish villain;
The time, the place, the torture: O, enforce it!
Myself will straight aboard: and to the state
This heavy act with heavy heart relate.
[Exeunt.]
Aqui embaixo a minha traduçao:
LUDOVICO: Deve abbandonare questa camera, e venire con noi:
Il suo potere e il suo comando sono finiti,
Adesso Cassio governa a Cipro. In quanto a questo malfattore,
Se si conosce crudeltà
Che può tormentarlo tanto e per molto tempo,
Sarà sua. Deve rimanere prigioniero,
Finché lo Stato Veneziano conosca
La natura dei suoi crimini. Venite, portatelo via.
OTELLO: Un attimo; due parole prima che partiate.
Ho fatto alcuni servizi allo stato, e lo sanno.
Basta. Vi prego, nelle vostre lettere,
Quando racconterete queste sventure
Parlate di me come sono; senza eccessi,
Né malizia: dovete parlare
Di uno che non ha amato saggiamente, però molto;
Di uno che non è facilmente geloso, però essendo stato provocato
Divenne confuso all’estremo; di uno la cui mano,
Come l'indegno Indiano, butta via una perla
Più ricca di tutta la sua tribù; di uno i cui occhi repressi,
Sebbene non abituati ai sentimenti più teneri,
Sparsero lacrime così rapidi come gli alberi arabi
Fanno con la loro gomma medicinale. Scrivete questo;
E inoltre dite, che una volta in Aleppo,
Quando un malvagio turco in turbante
Picchiò un veneziano e diffamò lo Stato,
Presi per la gola il cane circonciso
E lo colpii in questo modo.
[si accoltella]
LUDOVICO: Oh, che fine sanguinosa!
GRAZIANO: E’ stato inutile quel che abbiamo detto.
OTELLO: Ti ho baciato prima di ucciderti: così è stato;
Mi uccido, per morire sul tuo bacio
[cade sul letto e muore]
CASSIO: Avevo paura di questo, ma ho pensato che non fosse armato;
Perché è stato un uomo di gran cuore.
LUDOVICO: [a Iago] Oh, cane spartano,
Più crudele dell’angoscia, la fame o il mare!
Veda il tragico fardello su questo letto;
Questo è opera sua: l'oggetto avvelena la vista;
Nascondiamola. Graziano, la casa adesso è sua,
E conservi le ricchezze del Moro,
E’ il suo successore. Lei, Signor Governatore,
Deve giudicare questo diabolico mascalzone;
L’orario, il luogo, la tortura: Oh, lo faccia soffrire!
Io vado direttamente a bordo: e allo stato
A malincuore racconterò questo pesante atto
[Escono.]
Traduzir é um pouco cansativo. Mas é melhor do que trabalhar em um banco e em um hotel.
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terça-feira, 17 de novembro de 2009
Shakespeare
"DESDÊMONA - Estou certa de que meu nobre esposo me considera honesta.
OTELO - Oh, sim! Sem dúvida! como as moscas no açougue, que recebem vida da podridão. Ó erva daninha, tão bela ao parecer e tão cheirosa que ofendes os sentidos! Oh! se nunca tivesses vindo ao mundo!"
Iago é o mais vil dos biltres. E Shakespeare é legal.
No fundo, no fundo, me divirto com tudo isso. Mas o fundo, é o outro lado. Que começa.
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quarta-feira, 4 de novembro de 2009
O uivo
Na madrugada fria abro a janela do quarto. O rio em minha frente. O vento gelado me congela, mas me deixo ficar. E ouço ecos distantes, que confundem-se. Uns mais altos, outros mais baixos. As ruas estão desertas, os bares estão fechados, a pessoas se trancam no calor da solidão italiana.
Os ecos me intrigam. Olho o rio, que reflete luzes esparsas. Hoje fez sol. Amanhã? Nem a previsão do tempo sabe.
Amanhã é outro dia. Ontem voei sobre a torre de Pisa. Amanhã conquistarei impérios. Hoje foi o meu exílio. E eu não sei mais se volto pro espaço ou pro fundo do mar.
Pois meu nome é querer.
Pois meu nome é impronunciável. Pois meu nome é intraduzível.
E entre os bosques dos Alpes, nas neves eternas, com a lua ao fundo e o céu estrelado, ouve-se o uivo de um lobo. Um lobo que enxerga o mundo pelo alto. Um lobo que se esconde da vida. Um lobo que foge do medo e vê no futuro algo disforme, impreciso, que o atrai.
Um abismo.
E ele se chama urgência.
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segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Penso, logo existo
A prova de admissão ao mestrado será essa semana. Na verdade, eu ainda nem sei se farei essa prova, porque antes de tudo isso tem uma análise curricular que pode me excluir definitivamente do certame. E a lista de quem faz a prova sai na quarta. A prova será na sexta. E eu to começando a pegar mais pesado nas minhas traduções doidas. E to ficando doidim, doidim,
E nessa pira, que sempre me leva a mudar de direção, porque começo a traduzir um texto, busco uma palavra no dicionário, mas dali já passo por uma outra interessante que sempre quis saber e assim vai infinitamente e quando vejo traduzi muito pouco do texto que eu me propunha, embora de alguma forma também tenha adquirido algum conhecimento igualmente útil.
Enfim toda essa ladainha foi porque eu tava nessa pira, tá ligado?, de viajar nos dicionários e de repente me deparei com a famosa frase de Renè Descartes, que é o título desse post (tenho que descobrir uma tradução pro termo post). Mas no original em latim, que seria "Cogito ergo sum". O legal do dicionário em italiano que comprei é que, como o italiano é a língua mais próxima do latim dentre as línguas latinas (português, espanhol, francês, catalão, romeno e italiano, isso sem contar os infinitos dialetos em cada país), enfim, o dicionário italiano tem um apêndice só com termos e locuções em latim, o que é interessante pra caramba, pra quem gosta disso como eu. Mas não era por aí que eu ia.
Voltando à vaca fria, fiquei me perguntando como seria o famoso termo "cogito ergo sum" em outras línguas. E nessa hora a wikipedia é insuperável. Em poucos cliques você descobre que em eslovaco se diz "Myslím, teda som" embora eu não faça idéia de como se pronuncia isso. Em inglês: "I think, therefore I am". Em italiano "Penso, quindi sono" ou "Penso, dunque sono", o que dá na mesma. E seguindo essa linha de raciocínio me veio novamente uma dúvida que me surgiu muitos anos atrás quando eu ainda estudava inglês. E se o tradutor entendeu tudo errado?
Pense bem, pateta: em inglês o verbo to be, assim como em italiano o verbo essere tem dois significados, ser e estar. E alguém dirá "mas o Descartes era Francês, animal!". Eu sei disso, besta. E muito embora eu não saiba francês pra afirmar se o mesmo acontece com a frase original (se é que ela não foi escrita em latim mesmo), ainda assim a tradução pro italiano e pro inglês são ambíguas. É óbvio que o contexto da obra ajuda a definir melhor a escolha das palavras, mas eu imagino na minha maluquice se por acaso algum tradutor um dia não bebeu demais enquanto traduzia Shakespeare e entendeu o to be or not to be, that's the question erroneamente, quando o bardo inglês queria (ou quereria) dizer estar ou não estar, eis a questão.
Imagina quantas guerras e quantos mal entendidos no mundo ocorreram por erros de tradução. Imagina o trabalho do intérprete do Lula pra traduzir em outras línguas suas piadinhas futebolísticas. É passível de um desentendimento diplomático, tudo isso! E se o mundo não passa de um erro de tradução, meu deus!
Mas eu me divirto, na verdade. Embora nesse caso, não creio que a verdade seja outra. Contudo pode ainda ser diversa.
E tenho dito!
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