Normalmente não falo sobre futebol. Não que eu não goste, mas porque não vejo necessidade. Aliás, poucos sabem, mas só não fui jogador profissional por escolha. Por escolha do técnico, obviamente.
Mas enfim, eis-me aqui a falar de futebol. (Uma breve síntese: meu time italiano caiu pra série B e meu time brasileiro está quase lá. Isso sem falar na seleção, que dispensa comentários).
Confesso, o Grêmio tá uma porcaria. Mas ao contrário de muitos torcedores tricolores, eu não comemorei quando anunciaram o Celso Roth. Inclusive considero que comemorar a chegada do Roth em qualquer time que seja é admitir que se está no fundo do poço. E, muito embora estejamos ali perto, é sempre mais conveniente negar.
O que mudou no time do Grêmio do Brasileirão do ano passado, quando ficamos na zona Libertadores, para este? Quase nada, três ou quatro nomes. Então sabe-se que capacidade temos. Falta somente algo para fazer essa cambada jogar bola. E este algo não se chama Celso Roth.
Há semanas eu não via nenhum jogo, e inclusive deixei de ver o Gre-nal já imaginando uma derrota histórica. Mas não, o time, dizem, jogou bem e ganhou. Porém fiquei meio assim: Celso Roth não consegue jogar bem e ganhar durante muito tempo. Há algo de podre no reino da Dinamarca.
Hoje decidi tomar umas geladas enquanto assistia o que deveria ter sido a reviravolta final do Grêmio no campeonato, não fosse o Roth no comando. O Curinthia vinha de uma crise, jogando mal em casa, sequencia de derrotas, nós embalados pela vitória no clássico, tinha tudo para dar certo.
E estava dando, tanto que no início do segundo tempo tínhamos 2 jogadores a mais e precisávamos de apenas um golzinho pra pelo menos trazer um ponto fora de casa. Era óbvio que conseguiríamos. Mas Roth nunca é óbvio.
Porém eu torcia. O chopp ia acabando, eu só não perdia meus cabelos porque já não os tenho mais. E, o pior de tudo, um corinthiano daqueles mala assistia o jogo na mesa do lado. Falei pro Roth: cara, se tu conseguir pelo menos empatar esse jogo pra esfregar na cara desse mala ali, te dou mais crédito e paro de falar mal de ti. Pelo menos até cairmos novamente pra segundona. Mas Roth não se convence tão fácil. Roth é, acima de tudo, ininteligível, inexplicável.
E no fim aconteceu o que já deveríamos saber que aconteceria. Com 2 (eu disse dois, two, due, dos, zwei!) jogadores a mais durante o segundo tempo inteiro, perdemos. Não sei como pude confiar no Roth por 45 minutos. Não sei mesmo. Um retranqueiro não saberia nunca como atacar, mesmo com superioridade numérica. Ou saberia? Não sei porque, mas desconfio que qualquer outro técnico teria vencido essa partida.
Contudo Roth não é qualquer. É pior que qualquer um.
Mas enfim, agora me despeço e, a não ser que o Grêmio ganhe algum título em 2011, não mais falarei de futebol neste espaço. E se no fim formos pra segundona, tenho o consolo que talvez poderei ver o tricolor jogar aqui com o JEC, que vem muito bem na terceirona e deve subir pra série B.
Até o ano que vem.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
domingo, 21 de agosto de 2011
Da linearidade do tempo
Dias atrás conversava com um amigo sobre a perecibilidade humana, visto a nossa chegada às três décadas de vida. E durante esta conversa cheguei a conclusões interessantes sobre a perecibilidade, mas também sobre a perenidade do ser enquanto humano.
A verdade é que, como sabemos desde Einstein, o tempo é relativo. Ele chegou a essa conclusão por meio de cálculos que desconheço. E não sei nem ao menos se um dia conhecerei, mesmo tentando me iniciar nas artes matemático-filósoficas de Bertrand Russell. Mas é fácil supor que o tempo é relativo, justamente porque todos nós, sem execeção, aprendemos a entender o tempo de uma única forma: o tempo é linear, e isso é - ou deveria ser - inquestionável. Nossos ancestrais, os primeiros hominídeos que tentaram entender o tempo, o entenderam desta forma, a mais fácil e lógica, e assim, por milênios e milênios essa sabedoria simiesca tem sido passada de geração em geração, e a quase todos isso tem bastado como verdade óbvia e irrefutável. Alguns poucos loucos, na maior parte físicos (como Einstein), matemáticos (como Russell), filósofos (como Nietzsche), escritores (como Borges) ou desocupados (como eu) crêem em algo além desta linearidade.
(Importante ressaltar que, no meu entendimento, a não-linearidade do tempo não altera em nada nossa vida. Pelo menos não esta que vivemos agora, até chegarmos à nossa primeira morte).
Mas enfim, voltando à conversa com meu amigo, cheguei à seguinte conclusão: como aprendemos desde sempre que o tempo é linear, não conseguimos sequer cogitar a possibilidade de o tempo ser diferente. Não possuímos modelos comparativos, não existem outros tempos. Existe o hoje, o ontem e o amanhã, e basta. Quem ousa afirmar algo diferente a respeito é tratado como louco. Que o digam meus colegas do hospício.
Contudo eu, gastando os poucos neurônios que me foram concedidos, há algum tempo tenho me questionado sobre a linearidade do tempo na forma da eternidade. E percebi que temos que fugir da obviedade do tempo, transgredi-lo, para tentar entendê-lo. O tempo é algo maior que uma seta onde os fatos se sucedem, as pessoas nascem, crescem e morrem. O tempo não é uma linha. Talvez sejam várias, paralelas. Talvez seja um círculo (o eterno retorno). Ou vários círculos paralelos. Quiçá uma espiral, ou ainda algum outro modo que sequer podemos imaginar em nossa mente limitada.
Toda essa minha preocupação talvez tenha começado com as leituras dos livros de Borges e seu fiel amigo Bioy Casares, que citam em suas obras tempos lineares, porém concomitantes e paralelos. Mais ainda: diversos!
Indo mais além, Borges criou em sua obra o Aleph, e o definiu desta forma: "o que a eternidade é para o tempo, o Aleph é para o espaço". E não estamos falando aqui do Aleph plágio do Paulo Coelho, que é perecível. Falamos do eterno.
Um modo único de tentar entender o tempo de um modo diverso não existe. Não posso eu dar a fórmula secreta, pois estou ainda engatinhando no assunto, embora tenha o rascunho de uma teoria sobre a eternidade em estado embrionário. E talvez nunca conseguirei provar o que penso (provavelmente não). Mas sinto que a linearidade do tempo não pode ser tomada como verdade absoluta, da mesma forma que devemos sempre questionar qualquer afirmação categórica. Quanto ao Aleph, é uma história mais complexa. Tratemos primeiro de entender o unidimensional. Refutar a linearidade do tempo já me está dando muito trabalho, imagine refutar e tridimensionalidade do espaço. Está muito além da minha capacidade de viajar na maionese.
Mas nunca esqueçam, meus fantasmas: o importante é o que importa.
A verdade é que, como sabemos desde Einstein, o tempo é relativo. Ele chegou a essa conclusão por meio de cálculos que desconheço. E não sei nem ao menos se um dia conhecerei, mesmo tentando me iniciar nas artes matemático-filósoficas de Bertrand Russell. Mas é fácil supor que o tempo é relativo, justamente porque todos nós, sem execeção, aprendemos a entender o tempo de uma única forma: o tempo é linear, e isso é - ou deveria ser - inquestionável. Nossos ancestrais, os primeiros hominídeos que tentaram entender o tempo, o entenderam desta forma, a mais fácil e lógica, e assim, por milênios e milênios essa sabedoria simiesca tem sido passada de geração em geração, e a quase todos isso tem bastado como verdade óbvia e irrefutável. Alguns poucos loucos, na maior parte físicos (como Einstein), matemáticos (como Russell), filósofos (como Nietzsche), escritores (como Borges) ou desocupados (como eu) crêem em algo além desta linearidade.
(Importante ressaltar que, no meu entendimento, a não-linearidade do tempo não altera em nada nossa vida. Pelo menos não esta que vivemos agora, até chegarmos à nossa primeira morte).
Mas enfim, voltando à conversa com meu amigo, cheguei à seguinte conclusão: como aprendemos desde sempre que o tempo é linear, não conseguimos sequer cogitar a possibilidade de o tempo ser diferente. Não possuímos modelos comparativos, não existem outros tempos. Existe o hoje, o ontem e o amanhã, e basta. Quem ousa afirmar algo diferente a respeito é tratado como louco. Que o digam meus colegas do hospício.
Contudo eu, gastando os poucos neurônios que me foram concedidos, há algum tempo tenho me questionado sobre a linearidade do tempo na forma da eternidade. E percebi que temos que fugir da obviedade do tempo, transgredi-lo, para tentar entendê-lo. O tempo é algo maior que uma seta onde os fatos se sucedem, as pessoas nascem, crescem e morrem. O tempo não é uma linha. Talvez sejam várias, paralelas. Talvez seja um círculo (o eterno retorno). Ou vários círculos paralelos. Quiçá uma espiral, ou ainda algum outro modo que sequer podemos imaginar em nossa mente limitada.
Toda essa minha preocupação talvez tenha começado com as leituras dos livros de Borges e seu fiel amigo Bioy Casares, que citam em suas obras tempos lineares, porém concomitantes e paralelos. Mais ainda: diversos!
Indo mais além, Borges criou em sua obra o Aleph, e o definiu desta forma: "o que a eternidade é para o tempo, o Aleph é para o espaço". E não estamos falando aqui do Aleph plágio do Paulo Coelho, que é perecível. Falamos do eterno.
Um modo único de tentar entender o tempo de um modo diverso não existe. Não posso eu dar a fórmula secreta, pois estou ainda engatinhando no assunto, embora tenha o rascunho de uma teoria sobre a eternidade em estado embrionário. E talvez nunca conseguirei provar o que penso (provavelmente não). Mas sinto que a linearidade do tempo não pode ser tomada como verdade absoluta, da mesma forma que devemos sempre questionar qualquer afirmação categórica. Quanto ao Aleph, é uma história mais complexa. Tratemos primeiro de entender o unidimensional. Refutar a linearidade do tempo já me está dando muito trabalho, imagine refutar e tridimensionalidade do espaço. Está muito além da minha capacidade de viajar na maionese.
Mas nunca esqueçam, meus fantasmas: o importante é o que importa.
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Memórias de minhas putas tristes
É agosto e faz frio. Chove. Diferentemente de um ano atrás, quando, no mesmo mês de agosto, no auge do calor, comecei um mochilão pela Europa. Era verão e o sol esquentou os dias que vieram. E o título deste post é o mesmo do livro do García Márquez.
A viagem fez um ano e, diferentemente do que previ neste post, não consegui terminar meu relato antes deste aniversário. Faltam ainda minhas desventuras em Berlim, Praga e Berna, mais ou menos metade da viagem a ser relatada.
Desculpas tenho de sobra, muitas mudanças repentinas e novidades aconteceram, coisas que exigiram total atenção da minha parte. Espero, sinceramente, terminar tudo isto antes do final de 2011, antes que minhas memórias já devidamente deterioradas possam se deteriorar ainda mais.
Preciso somente reencontrar os mapas das cidades e minhas anotações esparsas nas diversas caixas que me rodeiam, como cachorros a me olhar, suplicando por comida. Reencontrá-las, estas anotações, e combiná-las com um copo de qualquer coisa e um saxofone nas caixas de som, é o que preciso.
Somente isso. Tudo isso.
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