terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Duas do Buk - Traduções minhas
poesia
precisa-
se
de muito
desespero
dissabor
e
desilusão
para
escrever
só
alguns
poucos
poemas.
não é
pra
qualquer um
tanto
escrevê-
los
quanto
lê-
los.
o ovo
ele tem 17.
mãe, ele disse, como se quebra um
ovo?
tudo bem, ela me disse, você não precisa se
sentar olhando desse jeito.
ô, mãe, ele disse, você quebrou a gema.
eu não posso comer a gema quebrada.
tudo bem, ela me disse, você é durão,
já trabalhou em matadouros, indústrias,
na prisão, você é tão fudidamente durão,
mas todas as pessoas não precisam ser como você,
isso não faz com que todos estejam errados e você
certo.
mãe, ele disse, você compra umas cocas
quando estiver voltando do trabalho?
olha, Raleigh, ela disse, você não pode trazer as cocas
na bicicleta, eu estou cansada depois do
trabalho.
mas, mãe, tem uma subida.
que subida, Raleigh?
tem uma subida,
eu tenho que pedalar
ali.
tudo bem, ela me disse, você acha que é
fudidamente durão. você trabalhou nas linhas de
trem, eu ouço isso toda a vez que você fica bêbado:
"eu trabalhei nas linhas de trem."
bom, eu disse, eu trabalhei.
quer dizer, que diferença isso faz?
todo mundo tem que trabalhar em algum lugar.
mãe, disse o menino, você vai trazer as
cocas?
eu gosto muito do menino. acho ele bem
cortês. e assim que ele aprender a quebrar um
ovo poderá fazer algumas
coisas estranhas. no meio tempo
eu durmo com a mãe dele
e tento evitar
discussões.
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poesia americana,
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arghhhh! - tenho alergia ao ovo! porra alemao!
ResponderExcluirmas afora essa piada obvia, muito genial essa parte
"quer dizer, que diferença isso faz?
todo mundo tem que trabalhar em algum lugar".
porra alemao!
Tempão que eu não vinha aqui, né? Muito bom você ter aparecido no DS para me lembrar da minha desatenção. E obrigado por essas duas ótimas traduções do Bukowski.
ResponderExcluirAbraço