quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Cantoria
Tem a luz.
Do abajur no quarto escuro que conduz
pelos caminhos da noite, sinuosos
e me reduz
a um estranho, notívago em reino de luminosos
raios, de pessoas solares. Não faço jus
àquilo que tenho. Tenho medos vertiginosos.
Não faço jus.
Meus medos
vêm dos medos
que as pessoas têm.
Tem o vento.
A brisa que no início do outono avança
mansa
da janela semi-aberta, para o ar
deixar passar.
Esta usança
que minha vida salva, e da minha vida
faz criar
a luz, alva, a caminhar
perdida, no escuro do
luar.
Como a criança
entediada a falar
Ne ho abbastanza!
Tem o jazz.
Tem a música, tem o som, o embalo
resignado do rio em viagem
ao mar.
E se o embalo varia,
se o embalo muda
a rima,
o que fazer, ó Maria,
se o que era
não é mais,
e se o que se tem
a nada vale
(nem um vintém)?
Se o que se diz escorre
como água
dum chafariz?
O que fazer, ó Maria,
na calada da noite
- diga-me tu, musa mia, -
no cantar do rouxinol,
o que farias?
Ó Maria!
Agora me dizes
que destes assuntos
responder-nos ao menos
nem Deus saberia?
O que fazer, ó Maria,
se no meio da noite
nos vem o dia?
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Porra alemão, bebeu? Onde está a Maria?
ResponderExcluirfaz falta os poemas aqui gerson
ResponderExcluirboa
Hehehe! Quem puxa aos seus não degenera! Filho de mãe poetisa, poeta é! E nessa etilico/musical poesia, cabe a pergunta: Quem é a musa Maria?
ResponderExcluirnão é minha adega não
ResponderExcluirmas um dia vou ter ainda