Cheguei em Charleroi, aeroporto ao sul de Bruxelas. Dali, um ônibus me levaria até o centro.Pra comprar o ticket do ônibus a única opção era uma máquina automática. Toda a Europa é feita de máquinas automáticas. Você pode comprar desde cigarros, comida, bebida, jornais, tirar fotos, até passagens e camisinha. O problema é que quando você adquire uma passagem pro dia errado, não tem opção: não temos com quem reclamar, e a solução é uma só, comprar outra passagem com o cuidado redobrado, pro dia certo. "Merde", eu disse em francês, quando descobri que tinha comprado ida e volta pro mesmo dia.
Depois do episódio, deixei a mochila grande no depósito e com a menor me dirigi à capital das loiras. Cervejas, sejamos bem claros. E da Bélgica também.
Grand Place |
Manneken Pis (O piá que mija), a mais famosa fonte de Bruxelas |
No final, não sabendo se pedia um uísque no lugar ou saía correndo, disse pro garçom, me fala um número. 32, respondeu em francês. (Neste momento pedi ajuda aos comensais para a tradução) Contei as cervejas e pedi aquela. Cada um do casal também pediu a sua, eles obviamente já iniciados na arte de escolher uma cerveja belga. Em pouco tempo, tínhamos as três cervejas na mesa. Uma estava inclinada como um champanhe, as outras duas em pé. Cada marca de cerveja tinha uma garrafa diferente, copo personalizado com nome e formato específico e era servida de uma certa maneira, tudo descrito no rótulo. Olhei boquiaberto todo o ritual. Finalmente, brindamos e bebemos. Era muito boa mesmo. Depois pedi uma outra, também boa. Fomos embora e, no caminho, compramos mais umas 5 pra beber em casa. Eu imaginava quantos copos cada bar não teria e a organização entre copos e cervejas. Perdi alguns bons minutos divagando sobre o assunto.
Chegando em casa, o cara me mostrou uma de suas aquisições: The Bible of Belgian Beers (A bíblia das cervejas belgas) ou algo assim, escrito por um expert que se chama Michael Jackson (!), um best-seller no país. Era uma edição bilíngue, em francês e inglês, contendo detalhes de provavelmente quase todas as cervejas que são produzidas no país, incluindo o tipo de copo que se usa. Lendo a tal Bíblia, descobrimos o formato do copo que se usa com aquelas que compramos e ele foi, com a maior calma, procurar na sua coleção de copos aqueles mais parecidos! Esse é profissional, pensei. E eu que pensava que ter 3 tamanhos diferentes de caneca na estante já tava bom. O cara tinha mais de vinte copos ali, dos mais variados formatos. Achou 3 parecidos e fomos degustar e conversar sobre várias coisas, quase todas elas se referiam à cerveja.
Dormi feliz.
No dia seguinte me despedi dos meus anfitriões, aluguei uma bicicleta pública* e fiz um passeio maior pela cidade, tirei várias fotos (é como uma punhalada, cada volta que me lembro) antes de voltar ao aeroporto, recuperar minha mochila e seguir até a capital das loiras e da Escandinávia. E também da Suécia.
Em Estocolmo eu dormiria em um barco. E as loiras belgas, no seu mais formoso teor alcoólico, me diziam que a viagem estava muito boa, apesar de apenas ter começado.
* Nas grandes cidades européias existem bicicletas públicas disponíveis. Na Bélgica você paga uma quantia baixa (menos de 10 euros) por um dia, com cartão. Se você não devolver a bicicleta, eles te debitam 150 euros. Já em Copenhagen basta uma moeda de 20 coroas pra poder pegar uma (menos de 5 euros). E o mais interessante é que ninguém rouba elas.
Continua no próximo post.
voce ja me convenceu de qual o primeiro lugar que devo conhecer da europa
ResponderExcluirboa historia
me fale que dia saiu sua materia no jornal gersao
Uau... Fiquei surpresa por existir tantos tipos de cerveja num lugar só! Aguardo mais relatos da sua viagem. Um abraço!
ResponderExcluirbah... e eu que pensava que o país da cerveja era a Alemanha...me surpreendi com a Bélgica...
ResponderExcluirpra quem é grande admirador da bebida... é o paraíso então...hehe...
pow... legal o lance das bicicletas hein... mas imagina implantar isso aqui no Brasil... nussa... acabava em um dia...
bom... vou esperar a continuação...
abraço ae manolo!
O relato está delicioso. E só pra avisar Blumenau já tem um sistema de bicicletas públicas.
ResponderExcluirPorra alemão!
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