Disponibilizo aqui o endereço do meu novo blog que, por razões ocultas e alheias de força maior, vai se tornar o principal, apesar do design ficar devendo um pouco:
http://zaratustra.tipos.com.br
Divirtam-se?
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
sábado, 3 de novembro de 2007
O corno de Creta - a lenda do Minotauro revisitada
O Minotauro (touro de Minos) vivia em um labirinto na ilha de Creta. O labirinto foi erguido por Dédalo (palavra usada em portugês também como sinônimo de labirinto) a pedido do rei Minos para abrigar o monstro. Conta a lenda que antes de se tornar rei, Minos havia feito um pedido aos deuses para conseguir o trono. Poseidon (ou Netuno para os romanos) concordou contanto que Minos sacrificasse em sua homenagem um touro branco que sairia do mar. Admirado pela beleza do touro, Minos acabou por sacrificar outro touro, esperando que Poseidon não percebesse. Ledo engano.
(Segundo o Aurélio, ledo significa "risonho, alegre". Já meu amigo Michaelis acrescenta também os adjetivos "contente, jubiloso")
Alegre engano.
Furioso, Poseidon fez com que a esposa do rei, Pasífae (!), se apaixonasse então pelo touro branco e desta feliz união nasceu o famigerado Minotauro, com cabeça e rabo de boi e corpo humano.
O malvado rei Minos ainda exigia que todo ano sete moças e sete rapazes fossem entregues a seu bastardo para saciar sua fome e vontade de comer. Foi então que apareceu o grande herói Teseu disposto a matar a besta. Ariadne, filha do rei Minos, ao ver Teseu com toda aquela desenvoltura e o nome estranho comuns aos políticos, achou que o rapaz tinha alguma influência e afeiçoou-se a ele, dando-lhe um novelo de lã mágico e uma espada. Na verdade a espada é que era mágica e o novelo de lã era, bem... um belo novelo.
No labirinto adentrou Teseu
e o Minotauro se fudeu.
Percebe-se com essa história como era culto o povo grego, pois já àquela época conheciam a narrativa de João e Maria e, desta forma, evitavam o rastro de migalhas de pão. Piadas infames à parte, essa história demonstrava aos jovens gregos o que poderia acontecer se se opusessem às vontades dos deuses. Uma forma de intimidação moral recorrente nas diversas religiões deste e de outros mundos. Ou seja, se desobedeceres aos deuses, tua mulher trair-te-á com um bicho, e ainda terás que alimentar o rebento.
A ironia - sempre aparece ela nessas histórias - do destino é que apesar da mulher ter traído o monarca com um touro, o corno mesmo foi o rei Minos. (Hein hein?)
(Segundo o Aurélio, ledo significa "risonho, alegre". Já meu amigo Michaelis acrescenta também os adjetivos "contente, jubiloso")
Alegre engano.
Furioso, Poseidon fez com que a esposa do rei, Pasífae (!), se apaixonasse então pelo touro branco e desta feliz união nasceu o famigerado Minotauro, com cabeça e rabo de boi e corpo humano.
O malvado rei Minos ainda exigia que todo ano sete moças e sete rapazes fossem entregues a seu bastardo para saciar sua fome e vontade de comer. Foi então que apareceu o grande herói Teseu disposto a matar a besta. Ariadne, filha do rei Minos, ao ver Teseu com toda aquela desenvoltura e o nome estranho comuns aos políticos, achou que o rapaz tinha alguma influência e afeiçoou-se a ele, dando-lhe um novelo de lã mágico e uma espada. Na verdade a espada é que era mágica e o novelo de lã era, bem... um belo novelo.
No labirinto adentrou Teseu
e o Minotauro se fudeu.
Percebe-se com essa história como era culto o povo grego, pois já àquela época conheciam a narrativa de João e Maria e, desta forma, evitavam o rastro de migalhas de pão. Piadas infames à parte, essa história demonstrava aos jovens gregos o que poderia acontecer se se opusessem às vontades dos deuses. Uma forma de intimidação moral recorrente nas diversas religiões deste e de outros mundos. Ou seja, se desobedeceres aos deuses, tua mulher trair-te-á com um bicho, e ainda terás que alimentar o rebento.
A ironia - sempre aparece ela nessas histórias - do destino é que apesar da mulher ter traído o monarca com um touro, o corno mesmo foi o rei Minos. (Hein hein?)
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lenda
domingo, 28 de outubro de 2007
Vem aí a série: Teorias Inócuas
Hoje não estou muito bem, estomacalmente falando, mas adianto que está em desenvolvimento pela minha pessoa uma teoria que tem o nome provisório de O princípio da índole, que trata, obviamente, da índole das pessoas. É uma conjectura besta mas tentarei provar com argumentos (facilmente) refutáveis que essa viagem doida aí é verdadeira, tá ligado?, e o barato é legal.
Porque casou com a barata.
Aguardem.
Porque casou com a barata.
Aguardem.
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essa é boa
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
The empty afternoon
Daydreaming in the afternoon (or 'on the'?). Do not know. Just spending my little time before some job, more job. Don´t know why they always want me there. Wanderer, bum (is it right?), that´s me. Do not like it, but need it. And they seem to love me each day more and more...
Uninteligible. But that's life, without logic or any kind of sense. My friend Jack K. was living alone on the highest tops of american mountains just to meditate, to think. He had no much needs. Was used to live with almost no money.
(I forgot when I am supposed to use 'on the' and 'in the'. Forgive my errors, if you find them).
And that's me, alone in the cyber cafe, with one cute girl on my side who doesn't even look to her side. She is very busy on her orkut stuff. On the other side there are plenty of crazy children playing their fucking games. I´m not interested in games anymore.
The trees fell to the ground on yesterday's storm. I was asleep almost all the day. 'worst hangover that I ever had', would say my friend Mark Knopfler, but it wasn't the worst. I've had worst before. Now I just get a little bit tired. You know, I´m not that young anymore.
On the 12th october, the trees fell down in Maringá, and I was there too. Soon they'll be calling me to go to brazilian northeastern regions to give them a little water.
I´m just writing with no reason, no story came to my head, but I feel a little melancholic (?) today. Maybe 'cause it's monday. In fact, I don't even know why am I writing all this bullshit in english. Maybe to convince myself that my english is getting worse everyday. But, besides all this, I won't study english, at least not for now. Need to put my italian on the trails. If my english is terrible, you can imagine my spanish and my italian. Even my fucking portuguese is bad. Bad to bone.
As always, I know that nobody is gonna read this text. First because it's in english. Second because it's too damn motherfucking big. People are lazy. I am a living proof of that, because it's hard to know someone lazier than me. But at least I'm not lazy on reading. Commonly, but sometimes...
Agora I gotta go. On the morrow I'll be drinking some beer with my friends on Madalena's bar. If you want, you can go.
"As long as I'm paying the bills, I'm paying the cost to be the boss."
Uninteligible. But that's life, without logic or any kind of sense. My friend Jack K. was living alone on the highest tops of american mountains just to meditate, to think. He had no much needs. Was used to live with almost no money.
(I forgot when I am supposed to use 'on the' and 'in the'. Forgive my errors, if you find them).
And that's me, alone in the cyber cafe, with one cute girl on my side who doesn't even look to her side. She is very busy on her orkut stuff. On the other side there are plenty of crazy children playing their fucking games. I´m not interested in games anymore.
The trees fell to the ground on yesterday's storm. I was asleep almost all the day. 'worst hangover that I ever had', would say my friend Mark Knopfler, but it wasn't the worst. I've had worst before. Now I just get a little bit tired. You know, I´m not that young anymore.
On the 12th october, the trees fell down in Maringá, and I was there too. Soon they'll be calling me to go to brazilian northeastern regions to give them a little water.
I´m just writing with no reason, no story came to my head, but I feel a little melancholic (?) today. Maybe 'cause it's monday. In fact, I don't even know why am I writing all this bullshit in english. Maybe to convince myself that my english is getting worse everyday. But, besides all this, I won't study english, at least not for now. Need to put my italian on the trails. If my english is terrible, you can imagine my spanish and my italian. Even my fucking portuguese is bad. Bad to bone.
As always, I know that nobody is gonna read this text. First because it's in english. Second because it's too damn motherfucking big. People are lazy. I am a living proof of that, because it's hard to know someone lazier than me. But at least I'm not lazy on reading. Commonly, but sometimes...
Agora I gotta go. On the morrow I'll be drinking some beer with my friends on Madalena's bar. If you want, you can go.
"As long as I'm paying the bills, I'm paying the cost to be the boss."
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cerveja,
Jack Kerouac
domingo, 21 de outubro de 2007
Do trato com a vida
Uno a embarcação
ao porto
e canto a convulsão
de um ser extinto.
Amo o sangue
que me crucia e doma,
com seu ferro.
Não espero
dos deuses,
pois engendro
o deus que me transfere
a solidão de ser
meu próprio invento.
Sou poeta,
formo o ciclo do tempo,
onde me enterro.
II
E vós quem sois? Vós que mostrais o orgulho
de monarcas sentados em seu trono e a ambição
de um jorro que se extingue. Quem sois?
Nada transpõe vossa usura,
nada transpõe a vaidade
das gazelas, com rosto de cavalo.
Vós que desprezais
do canto, a mina;
do tear da vida, a linha,
quem sois?
III
Se mostrardes
ao porto
e canto a convulsão
de um ser extinto.
Amo o sangue
que me crucia e doma,
com seu ferro.
Não espero
dos deuses,
pois engendro
o deus que me transfere
a solidão de ser
meu próprio invento.
Sou poeta,
formo o ciclo do tempo,
onde me enterro.
II
E vós quem sois? Vós que mostrais o orgulho
de monarcas sentados em seu trono e a ambição
de um jorro que se extingue. Quem sois?
Nada transpõe vossa usura,
nada transpõe a vaidade
das gazelas, com rosto de cavalo.
Vós que desprezais
do canto, a mina;
do tear da vida, a linha,
quem sois?
III
Se mostrardes
a erosão do dia
nas carroças,
concordarei com o sangue.
Se mostrardes
o término do jugo e sua máquina,
calada e represada,
concordarei com o sangue.
Não.
Não pactuo.
Não pactuo com o numerário das serpentes,
tentando violar a talha da nascente.
Não pactuo
com as garras
e o estômago encurvado
deste animal em desuso.
Não pactuo
com a turbulência fátua
da morte e o senhorio
que nos arrasta.
Entre areias sepultas,
estreitado na erva,
odiai-me fundamente.
Não pactuo.
Brotando das idades,
arbusto,
levedado no mundo,
odiai-me.
Sou vosso vômito profundo.
(C. Nejar)
nas carroças,
concordarei com o sangue.
Se mostrardes
o término do jugo e sua máquina,
calada e represada,
concordarei com o sangue.
Não.
Não pactuo.
Não pactuo com o numerário das serpentes,
tentando violar a talha da nascente.
Não pactuo
com as garras
e o estômago encurvado
deste animal em desuso.
Não pactuo
com a turbulência fátua
da morte e o senhorio
que nos arrasta.
Entre areias sepultas,
estreitado na erva,
odiai-me fundamente.
Não pactuo.
Brotando das idades,
arbusto,
levedado no mundo,
odiai-me.
Sou vosso vômito profundo.
(C. Nejar)
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Carlos Nejar,
poesia brasileira
sábado, 20 de outubro de 2007
Waking Life
Eu me via no espelho e me achava tão normal. Aquele rosto desconhecido era comum, prosaico, vulgar. Não bastasse ter de reconhecer-me diariamente, ver-me ali, em frente a mim, com os olhos curiosos, tentando achar alguma coisa que me diga que sou eu este ali, ó, outrossim era preciso esconder-me para não ser tão facilmente reconhecido.
O alvorecer era um desafio diário. A batalha iniciava-se nos sonhos pitorescos e lúcidos, cruéis e ardis armadilhas. Os incautos ali fenecem fácil e rapidamente. Tendo apenas a matéria viva do sonho como limite ou escafandro, sucumbir ante o próprio abismo é de tal maneira tão simplório - e ao mesmo tempo, exatamente por causa dessa simplicidade, tão confuso - que perder o controle da própria imaginação, o que poderia de certa forma criar-nos mundos fabulosos, nos torna vítimas supérstites do engodo pessoal de cada um.
Não falo aqui como autoridade, mas um mero curioso que vez ou outra viaja pelas dimensões maravilhosas dos sonhos. Nessas incursões, deparei várias vezes com vontades próprias não personificadas num corpo, mas etéreas, muito embora pudessem ser tocadas. Hostis quase todas. Deste contato não havia diálogos. A comunicação era sensorial e incrivelmente era-se possível saber, apenas pelo tato, se as vontades me viam como um intruso ou um visitante, e daí sentia em mim mesmo, no sonho, como reagiam, como se conversassem sem sons, sem gestos, sem nada.
As possibilidades se multiplicam e o curso da história e seu discurso se enveredam por outros caminhos nunca dantes atalhados. O atalho sempre nos leva antes ao fim do caminho. A dúvida que no ar paira é que ninguém sabe ao certo se chegar antes ao fim é um bom negócio.
"- Super perfundo no amanhecer antecipado do seu dia.
- O que significa isso?
- Nunca consegui entender. Talvez você consiga."
O alvorecer era um desafio diário. A batalha iniciava-se nos sonhos pitorescos e lúcidos, cruéis e ardis armadilhas. Os incautos ali fenecem fácil e rapidamente. Tendo apenas a matéria viva do sonho como limite ou escafandro, sucumbir ante o próprio abismo é de tal maneira tão simplório - e ao mesmo tempo, exatamente por causa dessa simplicidade, tão confuso - que perder o controle da própria imaginação, o que poderia de certa forma criar-nos mundos fabulosos, nos torna vítimas supérstites do engodo pessoal de cada um.
Não falo aqui como autoridade, mas um mero curioso que vez ou outra viaja pelas dimensões maravilhosas dos sonhos. Nessas incursões, deparei várias vezes com vontades próprias não personificadas num corpo, mas etéreas, muito embora pudessem ser tocadas. Hostis quase todas. Deste contato não havia diálogos. A comunicação era sensorial e incrivelmente era-se possível saber, apenas pelo tato, se as vontades me viam como um intruso ou um visitante, e daí sentia em mim mesmo, no sonho, como reagiam, como se conversassem sem sons, sem gestos, sem nada.
As possibilidades se multiplicam e o curso da história e seu discurso se enveredam por outros caminhos nunca dantes atalhados. O atalho sempre nos leva antes ao fim do caminho. A dúvida que no ar paira é que ninguém sabe ao certo se chegar antes ao fim é um bom negócio.
"- Super perfundo no amanhecer antecipado do seu dia.
- O que significa isso?
- Nunca consegui entender. Talvez você consiga."
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sonhos lúcidos
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
O escritor e seus fantasmas*
Hoje achei uma frase que sabe lá de onde tirei mas anotei entre aspas, o que significa que não é minha. Apesar de todo esse cuidado, sabe lá por que razões alheias, não tive o cuidado de anotar o nome do autor. Um pequeno lápis de minha parte.
A frase é bonita, profunda e inspira um senso de responsabilidade incomum. Poética e bem desenvolvida, traz ao leitor (a mim ao menos) a imagem de um escritor já com seus cabelos grisalhos, sério, marcado por rugas de expressão na testa. Ei-la:
"I write because something inside myself, inner and unconscious forces me to. That is the first compulsion. The second is one of ethical and moral duty. I feel responsible to tell stories that inspire readers to consider more deeply who they are."
Por razões que desconheço, não traduzi a frase, o que deixo para cada um de vocês, meus dois leitores.
Há vários motivos que levam uma pessoa a escrever. A falta do que fazer. O excesso de coisas a fazer. Um amigo chamado diário. Um pretenso talento literário. Eu até citaria alguns autores famosos dizendo porque eles escrevem, mas justamente agora me deu um branco (branco: um tema para um futuro post) e preguiça de buscar em meus arquivos. Se lembrar, depois os coloco aqui.
Não poderia deixar de finalizar esse pequeno texto inócuo sem as minhas razões, o que me faz e leva a escrever tanto e tão mal. É fácil.
Escrevo porque é líquido.
________________________________________
* Bela obra de meu amigo Ernesto Sábato.
A frase é bonita, profunda e inspira um senso de responsabilidade incomum. Poética e bem desenvolvida, traz ao leitor (a mim ao menos) a imagem de um escritor já com seus cabelos grisalhos, sério, marcado por rugas de expressão na testa. Ei-la:
"I write because something inside myself, inner and unconscious forces me to. That is the first compulsion. The second is one of ethical and moral duty. I feel responsible to tell stories that inspire readers to consider more deeply who they are."
Por razões que desconheço, não traduzi a frase, o que deixo para cada um de vocês, meus dois leitores.
Há vários motivos que levam uma pessoa a escrever. A falta do que fazer. O excesso de coisas a fazer. Um amigo chamado diário. Um pretenso talento literário. Eu até citaria alguns autores famosos dizendo porque eles escrevem, mas justamente agora me deu um branco (branco: um tema para um futuro post) e preguiça de buscar em meus arquivos. Se lembrar, depois os coloco aqui.
Não poderia deixar de finalizar esse pequeno texto inócuo sem as minhas razões, o que me faz e leva a escrever tanto e tão mal. É fácil.
Escrevo porque é líquido.
________________________________________
* Bela obra de meu amigo Ernesto Sábato.
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quarta-feira, 19 de setembro de 2007
O Cadáver
Dormia inerte em seu jazigo. Morto sim, mas dormia, pois vivo estava. Sentia-se solitário a despeito da companhia dos vermes. Desprezava os vermes, execrava-os. Ainda assim, eram seus únicos e grandes companheiros
O cadáver putrefato deleitava-se em seu sono. Sua pulcritude exalava odores exóticos, perfumes que atraíam borboletas mil, insetos dois mil e micróbios três mil e quinhentos. O corpo jogado perecia com o tempo. Cria na exumação eterna da alma, na mumificação das virtudes e na cremação dos pecados e arrependimentos. A violação dos túmulos dos desejos era uma heresia castigada com a morte. O cadáver tinha princípios claros seguidos à risca.
O velório do cadáver não teve defunto. Sua cova vazia permanece. A nota de falecimento no jornal, contudo, existiu, e embrulhou peixes na feira no dia seguinte. Foi também usada para forrar o chão de carros recém-lavados, para servir de base a excrementos caninos em apartamentos, para atear fogo a churrasqueiras cujos pedaços de carne salgada em cada grelha era como a carne do cadáver sendo cauterizada em fogo brando, as feridas com sal, a dor insuportável, o urro dilacerante aturdindo os vermes.
A necrópsia no cadáver não foi feita. Seus parentes não o procuram. Seus pertences a Deus pertencem. O leito de morte é exíguo. O candelabro que ilumina o sono do cadáver permanece com apenas uma vela acesa e as sombras que dali derivam dançam languidamente sobre sua cama.
D. Aristéia usa seus poderes sobrenaturais para acordar o morto. A necromancia é o pesadelo do cadáver. Por mais abjeto que seja e por mais ojeriza que tenha dessa prática, dela não foge, pois há forças maiores no mundo que sobrepõem-se às nossas vontades e a luta contrária sempre é vã. D. Aristéia chama-o, e pairando por sobre a mesa, o ódio contraindo-lhe as faces, o cadáver aparece e seu desejo mais profundo é vê-la morta no mesmo instante.
Há séculos D. Aristéia vive em uma velha casa de madeira, onde invoca os mortos para bater um papo. As únicas almas com quem conversa. Seu epílogo foi escrito em sua lápide, que encabeça mais um túmulo vazio. Os fantasmas que assomam desbotados sobre a mesa de invocação a odeiam com todas as forças sobrenaturais que existem. Os vermes a dominam. Ao contrário do cadáver, ela fede. Ao contrário do cadáver, a pulcritude nela inexiste. Ao contrário do cadáver, D. Aristéia está morta.
O cadáver putrefato deleitava-se em seu sono. Sua pulcritude exalava odores exóticos, perfumes que atraíam borboletas mil, insetos dois mil e micróbios três mil e quinhentos. O corpo jogado perecia com o tempo. Cria na exumação eterna da alma, na mumificação das virtudes e na cremação dos pecados e arrependimentos. A violação dos túmulos dos desejos era uma heresia castigada com a morte. O cadáver tinha princípios claros seguidos à risca.
O velório do cadáver não teve defunto. Sua cova vazia permanece. A nota de falecimento no jornal, contudo, existiu, e embrulhou peixes na feira no dia seguinte. Foi também usada para forrar o chão de carros recém-lavados, para servir de base a excrementos caninos em apartamentos, para atear fogo a churrasqueiras cujos pedaços de carne salgada em cada grelha era como a carne do cadáver sendo cauterizada em fogo brando, as feridas com sal, a dor insuportável, o urro dilacerante aturdindo os vermes.
A necrópsia no cadáver não foi feita. Seus parentes não o procuram. Seus pertences a Deus pertencem. O leito de morte é exíguo. O candelabro que ilumina o sono do cadáver permanece com apenas uma vela acesa e as sombras que dali derivam dançam languidamente sobre sua cama.
D. Aristéia usa seus poderes sobrenaturais para acordar o morto. A necromancia é o pesadelo do cadáver. Por mais abjeto que seja e por mais ojeriza que tenha dessa prática, dela não foge, pois há forças maiores no mundo que sobrepõem-se às nossas vontades e a luta contrária sempre é vã. D. Aristéia chama-o, e pairando por sobre a mesa, o ódio contraindo-lhe as faces, o cadáver aparece e seu desejo mais profundo é vê-la morta no mesmo instante.
Há séculos D. Aristéia vive em uma velha casa de madeira, onde invoca os mortos para bater um papo. As únicas almas com quem conversa. Seu epílogo foi escrito em sua lápide, que encabeça mais um túmulo vazio. Os fantasmas que assomam desbotados sobre a mesa de invocação a odeiam com todas as forças sobrenaturais que existem. Os vermes a dominam. Ao contrário do cadáver, ela fede. Ao contrário do cadáver, a pulcritude nela inexiste. Ao contrário do cadáver, D. Aristéia está morta.
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
O Túnel
um ser roto
um serrote
vai moldando a letra
por conveniência própria
Um Túnel de Vento
no Tempo da Vida
Um Túnel de Vida
no Vento do Tempo
Um Túnel do Tempo
na Vida do Vento
E regressar ao início é nada menos que ventar uma lembrança
e vivê-la como pensamento
e cheirá-la como pudim de vento
no túnel do tempo da vida
inútil
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quinta-feira, 13 de setembro de 2007
Sobre coelhos e cajados
Nada que suponho conhecer parece-me verdade. O diálogo:
Hot guns and cold cold night
O diálogo. Sobretudo agora, quando Débora ao longe, em minhas memórias, acenou-me sua tristeza. Débora foi a primeira pessoa a quem amei realmente. Sempre tento colocá-la em meus contos, mas nunca parece natural o suficiente o nome Débora. Talvez porque a história não esteja sendo contada de maneira natural, talvez isso. O diálogo:
“Bom dia.”
Sempre fico em dúvida de como começar um diálogo, se com aspas ou travessão. Saramago inovou, seus diálogos separam-se por vírgulas, num mesmo parágrafo:
A manhã estava clara quando Joaquim disse, Bons dias Maria, no que ela lhe respondeu, Bons dias, Manoel.
Rubem Fonseca não usa exclamação em suas frases. Nunca. Mesmo as mais desesperadas, aos berros, não possuem o alarmante “!”. Concordo com ele. Voltemos ao diálogo:
Lilith, pelos campos verdejantes, saltitava e cantarolava sua música preferida, chacoalhando a longa cabeleira negra, assoviando, agitando os braços. “Six six six, the number of the beast”. Nada mais puro que um heavy metal.
Kerouac carregava seus livros com adjetivos mil, um atrás do outro, sem muita ordem. Há uma linearidade, contudo, que prende o leitor, pois seguimos os caminhos do pensamento, sem esbarrarmos em formalidades demasiadas. Talvez uma forma de entrarmos na cabeça do autor. A pontuação formal, se considerarmos sob certo viés “conservador” - não arrumei melhor adjetivo - molda o leitor à história. Ou talvez eu esteja divagando. Engraçado eu ter falado em diálogo, muito embora, até agora, necas de pitibiribas. Minto. Olhá lá ele:
- Te conheço de algum lugar, garota.
- Não sei donde possa conhecer-me. Eu não existo.
Primeiro clichê: surpreender o leitor no início do diálogo. Logo de cara ele percebe que se passa algo unnatural, não existe. A partir daí começa a supor teorias, será um fantasma, a consciência, ou, como em Ítalo Calvino, simplesmente alguém que não existe mas, ainda assim, convive naturalmente com as outras pessoas. Cabe ao autor manter a emoção dessa novidade até o final, criando sempre, e cada vez mais, situações inusitadas. Primeiro, por si só, criará empatia com o leitor, afinal, quem não gosta de dar risadas? Segundo, situações desconexas não necessitam ter tanta semelhança com a realidade, permite mais liberdade. Mais fácil para o autor e entretém o leitor. Dois Paulos Coelhos numa cajadada só. Enfim:
- ... Eu não existo.
- Sei, conta outra.
- Assim como é difícil você acreditar, é difícil para eu provar. Não posso manifestar-me, não posso mover objetos. Sabe lá como, de alguma forma, ainda consigo manter um diálogo, mas isso, como você mesmo objetou, não é prova suficiente.
Nessa hora, Saramago interviria na narração para supor que o leitor está duvidando da veracidade da trama, procurando erros formais e lógicos, mesmo num texto ilógico, e justificando-os. Borges, ao contrário, no conto em que ele se encontra consigo mesmo, põe em dúvida a veracidade da história através do diálogo dos dois Borges de maneira tal que, no final, sabe lá como, ficamos ainda em dúvida se não haveria acontecido o tal encontro. É um tipo de descrição e de diálogo incrivelmente natural. O mesmo acontece com García Márquez, porém de uma forma mais bucólica.
Outro dia continuo essa brincadeira de análise literária.
Hot guns and cold cold night
O diálogo. Sobretudo agora, quando Débora ao longe, em minhas memórias, acenou-me sua tristeza. Débora foi a primeira pessoa a quem amei realmente. Sempre tento colocá-la em meus contos, mas nunca parece natural o suficiente o nome Débora. Talvez porque a história não esteja sendo contada de maneira natural, talvez isso. O diálogo:
“Bom dia.”
Sempre fico em dúvida de como começar um diálogo, se com aspas ou travessão. Saramago inovou, seus diálogos separam-se por vírgulas, num mesmo parágrafo:
A manhã estava clara quando Joaquim disse, Bons dias Maria, no que ela lhe respondeu, Bons dias, Manoel.
Rubem Fonseca não usa exclamação em suas frases. Nunca. Mesmo as mais desesperadas, aos berros, não possuem o alarmante “!”. Concordo com ele. Voltemos ao diálogo:
Lilith, pelos campos verdejantes, saltitava e cantarolava sua música preferida, chacoalhando a longa cabeleira negra, assoviando, agitando os braços. “Six six six, the number of the beast”. Nada mais puro que um heavy metal.
Kerouac carregava seus livros com adjetivos mil, um atrás do outro, sem muita ordem. Há uma linearidade, contudo, que prende o leitor, pois seguimos os caminhos do pensamento, sem esbarrarmos em formalidades demasiadas. Talvez uma forma de entrarmos na cabeça do autor. A pontuação formal, se considerarmos sob certo viés “conservador” - não arrumei melhor adjetivo - molda o leitor à história. Ou talvez eu esteja divagando. Engraçado eu ter falado em diálogo, muito embora, até agora, necas de pitibiribas. Minto. Olhá lá ele:
- Te conheço de algum lugar, garota.
- Não sei donde possa conhecer-me. Eu não existo.
Primeiro clichê: surpreender o leitor no início do diálogo. Logo de cara ele percebe que se passa algo unnatural, não existe. A partir daí começa a supor teorias, será um fantasma, a consciência, ou, como em Ítalo Calvino, simplesmente alguém que não existe mas, ainda assim, convive naturalmente com as outras pessoas. Cabe ao autor manter a emoção dessa novidade até o final, criando sempre, e cada vez mais, situações inusitadas. Primeiro, por si só, criará empatia com o leitor, afinal, quem não gosta de dar risadas? Segundo, situações desconexas não necessitam ter tanta semelhança com a realidade, permite mais liberdade. Mais fácil para o autor e entretém o leitor. Dois Paulos Coelhos numa cajadada só. Enfim:
- ... Eu não existo.
- Sei, conta outra.
- Assim como é difícil você acreditar, é difícil para eu provar. Não posso manifestar-me, não posso mover objetos. Sabe lá como, de alguma forma, ainda consigo manter um diálogo, mas isso, como você mesmo objetou, não é prova suficiente.
Nessa hora, Saramago interviria na narração para supor que o leitor está duvidando da veracidade da trama, procurando erros formais e lógicos, mesmo num texto ilógico, e justificando-os. Borges, ao contrário, no conto em que ele se encontra consigo mesmo, põe em dúvida a veracidade da história através do diálogo dos dois Borges de maneira tal que, no final, sabe lá como, ficamos ainda em dúvida se não haveria acontecido o tal encontro. É um tipo de descrição e de diálogo incrivelmente natural. O mesmo acontece com García Márquez, porém de uma forma mais bucólica.
Outro dia continuo essa brincadeira de análise literária.
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sábado, 1 de setembro de 2007
A década Bukowski
Saúdo Charles Bukowski. Porque é a vida sem frescuras que imaginamos ter. Porque é ser seco com outros, sem se importar, como gostaríamos de fazer. Porque o desprezo exercitado continuamente nos traz um ceticismo incomparável. Porque o ceticismo é uma virtude que nos vale por toda a vida, um aprendizado contínuo da natureza humana, um perceber de detalhes indescritível.
Saúdo Bukowski. Como também o faço a John Fante, que mostra as fraquezas tragicômicas da juventude, e o ridículo nosso de cada dia é também uma aula que não se pode desperdiçar. A raiva de nosso ridículo é um motor impulsionando nossas vidas. Para mais situações ridículas, mas ainda assim um motor.
Saúdo Mr. Salinger, o recluso. Saúdo Pedro Juan, o Gutiérrez. O grotesco, o cru, o inenarrável, o deplorável: detestável e excitante, estímulo e ojeriza, tentação e nojo, paixão, ódio e desprezo. Asco.
Saúdo Rubem Fonseca, o mestre.
Saúdo enfim todos os anjos e demônios que me acompanham nessa década. Por que haverá um fim (sempre há de ter) para toda obra literária. Há data e hora, mas ainda não há local.
No dia 22 de abril de 2014 às 23h59 encerra-se a década e a ressaca contínua, e saudarei a meus mestres com muita gratidão. A partir daí, vida nova. Seja lá o que isso quer dizer.
Saúdo Bukowski. Como também o faço a John Fante, que mostra as fraquezas tragicômicas da juventude, e o ridículo nosso de cada dia é também uma aula que não se pode desperdiçar. A raiva de nosso ridículo é um motor impulsionando nossas vidas. Para mais situações ridículas, mas ainda assim um motor.
Saúdo Mr. Salinger, o recluso. Saúdo Pedro Juan, o Gutiérrez. O grotesco, o cru, o inenarrável, o deplorável: detestável e excitante, estímulo e ojeriza, tentação e nojo, paixão, ódio e desprezo. Asco.
Saúdo Rubem Fonseca, o mestre.
Saúdo enfim todos os anjos e demônios que me acompanham nessa década. Por que haverá um fim (sempre há de ter) para toda obra literária. Há data e hora, mas ainda não há local.
No dia 22 de abril de 2014 às 23h59 encerra-se a década e a ressaca contínua, e saudarei a meus mestres com muita gratidão. A partir daí, vida nova. Seja lá o que isso quer dizer.
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sexta-feira, 31 de agosto de 2007
This one is for the Chaffics...
PESADELOS DO SENSO COMUM
Tenho tido sonhos teratológicos
Arquétipos modelares
invadiram meu inconsciente
provocando um ruptura epistemológica
e implantando modelos sistêmicos
...behavioristas...
Perdi meu pensamento complexo
e caí no senso comum
Vi xamãs aculturados, rituais tétricos
...ágrafos...
Modelos cibernéticos,
aristotélicos,
teoremas imagéticos
Minha válvula redutora
perdeu o juízo
Ouço achismos,
hibridismos eruditos
...diferentes...
Lapsos de português,
símbolos repelentes,
pesquisas e pesquisas
incutidas
no inconsciente coletivo
da sociedade capitalista
...o mal...
Hippies e comunistas frustrados
(em meus pesadelos imagéticos)
matam-me de agonia e,
acabado,
e sem um repertório científico eficiente
Apago a luz do fim do túnel
...pararelo...
Enquanto palhaços e palhaças
rebolam seus esqueléticos
e frenéticos corpanzis
na boca da garrafa
de Santo Daime
Tenho tido sonhos teratológicos
Arquétipos modelares
invadiram meu inconsciente
provocando um ruptura epistemológica
e implantando modelos sistêmicos
...behavioristas...
Perdi meu pensamento complexo
e caí no senso comum
Vi xamãs aculturados, rituais tétricos
...ágrafos...
Modelos cibernéticos,
aristotélicos,
teoremas imagéticos
Minha válvula redutora
perdeu o juízo
Ouço achismos,
hibridismos eruditos
...diferentes...
Lapsos de português,
símbolos repelentes,
pesquisas e pesquisas
incutidas
no inconsciente coletivo
da sociedade capitalista
...o mal...
Hippies e comunistas frustrados
(em meus pesadelos imagéticos)
matam-me de agonia e,
acabado,
e sem um repertório científico eficiente
Apago a luz do fim do túnel
...pararelo...
Enquanto palhaços e palhaças
rebolam seus esqueléticos
e frenéticos corpanzis
na boca da garrafa
de Santo Daime
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domingo, 12 de agosto de 2007
Poemeu
É dedar medo
Ceguir os segos
Cor taras pontes
Hávida é ex cura
E há guamole
Em pé dradura
(Entendeu agora?)
Millôr Fernandes
Ceguir os segos
Cor taras pontes
Hávida é ex cura
E há guamole
Em pé dradura
(Entendeu agora?)
Millôr Fernandes
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terça-feira, 7 de agosto de 2007
Assassino confesso
Foi hoje. Morreram no mínimo 5 de um grupo. Do outro não pude ter certeza, estavam distantes. Mas, ao menos, consegui afugentá-los do local. E não há remorso.
Não foi por legítima defesa, muito embora a qualquer momento um deles poderia vir em minha direção e me atacar, mas não atacou até a hora de sua morte, amém. Teria sido um parcela de sadismo de minha personalidade? É possível. Ver a agonia na hora da morte é um tanto prazeroso, não posso negar.
O fato é que de tempos em tempos ressurge essa vontade, esse ímpeto assassino e não tenho forças para controlar. Primeiro fecho todas as janelas, pra não escaparem. Depois pego uma vassoura e, silenciosamente, avanço rumo à aglomeração. Muito embora o desejo de assistir à agonia seja extremamente forte, na maioria das vezes saio em desabalada carreira, como se testemunhas houvessem por perto para me incriminar, e me escondo dentro de casa, como se uma multidão clamando por meu linchamento desta forma pudesse ser contida.
Silenciosamente, em meu templo secreto no qual meu quarto se transforma, brindo comigo mesmo e regozijo-me intensamente com um sorriso escancarado na face, comemorando mais uma chacina de marimbondos prestes a criar uma colméia ameaçadora em minha casa.
Não foi por legítima defesa, muito embora a qualquer momento um deles poderia vir em minha direção e me atacar, mas não atacou até a hora de sua morte, amém. Teria sido um parcela de sadismo de minha personalidade? É possível. Ver a agonia na hora da morte é um tanto prazeroso, não posso negar.
O fato é que de tempos em tempos ressurge essa vontade, esse ímpeto assassino e não tenho forças para controlar. Primeiro fecho todas as janelas, pra não escaparem. Depois pego uma vassoura e, silenciosamente, avanço rumo à aglomeração. Muito embora o desejo de assistir à agonia seja extremamente forte, na maioria das vezes saio em desabalada carreira, como se testemunhas houvessem por perto para me incriminar, e me escondo dentro de casa, como se uma multidão clamando por meu linchamento desta forma pudesse ser contida.
Silenciosamente, em meu templo secreto no qual meu quarto se transforma, brindo comigo mesmo e regozijo-me intensamente com um sorriso escancarado na face, comemorando mais uma chacina de marimbondos prestes a criar uma colméia ameaçadora em minha casa.
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sexta-feira, 3 de agosto de 2007
Da inutilidade
"...muita coisa inútil na vida da gente serve como esse táxi: para nos transportar de um ponto útil a outro" - C. Lispector in "Aprendendo a viver"
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Clarice Lispector
quinta-feira, 2 de agosto de 2007
Um pouco de política, pra variar
"Sou um medroso para andar de avião. Cada vez que o avião fecha a porta eu entrego minha sorte a Deus" - Lula, na posse de Nelson Jobim
"...não será talvez demais imaginar que o avião que o presidente tinha em mente era o avião Brasil e que o comandante, tão sujeito a falhas que o melhor é confiar em Deus, não seria senão ele próprio" - Roberto Pompeu de Toledo em ensaio na Revista Veja
"...não será talvez demais imaginar que o avião que o presidente tinha em mente era o avião Brasil e que o comandante, tão sujeito a falhas que o melhor é confiar em Deus, não seria senão ele próprio" - Roberto Pompeu de Toledo em ensaio na Revista Veja
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segunda-feira, 30 de julho de 2007
- ... e pode tirar seu cavalinho da chuva !
- O quê !? Tá chovendo?
Silêncio. Ouve-se o barulho da chuva.
- Meu cavalo!
E correu porta afora.
- O quê !? Tá chovendo?
Silêncio. Ouve-se o barulho da chuva.
- Meu cavalo!
E correu porta afora.
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cavalo,
essa é boa
Um degrau acima: o Silêncio
"Até hoje eu por assim dizer não sabia que se pode não escrever. Gradualmente, gradualmente até que de repente a descoberta tímida: quem sabe, também eu já poderia não escrever. Como é infinitamente mais ambicioso. É quase inalcançável."
C. Lispector in "Aprendendo a viver"
C. Lispector in "Aprendendo a viver"
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Clarice Lispector
domingo, 22 de julho de 2007
Glórias a Nin-kasi
Por volta de 3.000 a.C., nas imediações dos rios Tigre e Eufrates, no que hoje é o Iraque, desenvolveu-se o povo Sumério. Acredita-se que dentre os muitos legados deixados à humanidade por eles está a escrita, que teria sido criada nesta época, e a roda. Suas principais cidades eram Ur, Uruk e Lagash, que se revezaram ao longo dos séculos seguintes como as "capitais" desta civilização mesopotâmica. Todos os deuses sumérios eram dotados das mesmas condições e necessidades físicas dos seres humanos: comiam, bebiam, casavam e discutiam entre si. Segundo sua crença, os homens haviam sido moldados pelos deuses, a partir da argila, unicamente para servirem como escravos.
Muitos dos mitos e invenções sumérias influenciaram outras civilizações antigas. Vê-se boa parte espelhada na cultura egípcia, greco-romana e até no dias de hoje: os sumérios utilizavam na matemática o sistema sexagesimal, ou seja, baseado no número 60. Este é tido como o antepassado do sistema decimal arábico vigente e vemos resquícios dele até hoje, como a hora de 60 minutos e o círculo de 360 graus.
Mas talvez o legado mais importante dessa civilização praticamente desconhecida nos dias de hoje - cujas ruínas são destruídas a cada dia mais pelos bombardeios e atentados - é a cerveja. A bebida mais comum na época não continha ervas preservativas, como o lúpulo, que somente seria usado na fabricação por volta do ano 1.000 d.C., mas era amplamente difundida a todos os cidadãos. Cerca de 40% da produção de cereais da Suméria era destinada aos tonéis das cervejarias. Trabalhadores comuns dos Zigurates (os templos sumérios) recebiam uma ração de 1 litro por dia. Já homens mais importantes na sociedade poderiam receber até cinco vezes mais.
O panteão de divindades sumérias ultrapassava as 3 mil entidades, e dentre elas se encontrava Nin-kasi, a deusa que presidia a preparação da cerveja. No dialeto sumério Nin-kasi significa "a senhora que enche a boca", numa certeira alusão ao esporte preferido dos sumérios e, hoje em dia, dos brasileiros.
Mais tarde a Suméria foi unificada e dividida inúmeras vezes, por diferentes povos invasores, mas manteve as principais características de sua cultura que se moldaram às outras. Mas isso é conversa pra outro dia.
O que eu queria exatamente era, no dia de hoje, oferecer um brinde à Nin-kasi. Que ela encha nossa boca.
Cheers!
Muitos dos mitos e invenções sumérias influenciaram outras civilizações antigas. Vê-se boa parte espelhada na cultura egípcia, greco-romana e até no dias de hoje: os sumérios utilizavam na matemática o sistema sexagesimal, ou seja, baseado no número 60. Este é tido como o antepassado do sistema decimal arábico vigente e vemos resquícios dele até hoje, como a hora de 60 minutos e o círculo de 360 graus.
Mas talvez o legado mais importante dessa civilização praticamente desconhecida nos dias de hoje - cujas ruínas são destruídas a cada dia mais pelos bombardeios e atentados - é a cerveja. A bebida mais comum na época não continha ervas preservativas, como o lúpulo, que somente seria usado na fabricação por volta do ano 1.000 d.C., mas era amplamente difundida a todos os cidadãos. Cerca de 40% da produção de cereais da Suméria era destinada aos tonéis das cervejarias. Trabalhadores comuns dos Zigurates (os templos sumérios) recebiam uma ração de 1 litro por dia. Já homens mais importantes na sociedade poderiam receber até cinco vezes mais.
O panteão de divindades sumérias ultrapassava as 3 mil entidades, e dentre elas se encontrava Nin-kasi, a deusa que presidia a preparação da cerveja. No dialeto sumério Nin-kasi significa "a senhora que enche a boca", numa certeira alusão ao esporte preferido dos sumérios e, hoje em dia, dos brasileiros.
Mais tarde a Suméria foi unificada e dividida inúmeras vezes, por diferentes povos invasores, mas manteve as principais características de sua cultura que se moldaram às outras. Mas isso é conversa pra outro dia.
O que eu queria exatamente era, no dia de hoje, oferecer um brinde à Nin-kasi. Que ela encha nossa boca.
Cheers!
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quinta-feira, 28 de junho de 2007
Sobre a Opinião
"A opinião é tão livre quanto permitem as injunções da psicologia. A propaganda encadeia sua vítima, dando à imposição da conduta a aparência de escolha voluntária"
Trecho escrito em uma pequena folha de papel, amassada no fundo de uma mochila antiga, amarelada pelo tempo. Impossível definir se é excerto de algum livro cujo autor ignoro, se ouvi em alguma entrevista de algum expert ou eu mesmo o criei. Inútil tentar descobrir. Na dúvida, lá estão as aspas.
segunda-feira, 4 de junho de 2007
O EXAME PSIQUIÁTRICO PRÉ-ADMISSIONAL
Tudo isso ocorreu nos idos de março ou abril de 2003, enquanto fazia os exames necessários para a admissão no banco. Mas comecemos pelo princípio.
Sempre quis ver um divã na minha vida. Cresci ouvindo falar em psiquiatras e psicólogos e psicanalistas (algum dia eu já soube a diferença de cada um) com divãs no consultório e bustos de Freud por todos os lados.
O endereço era JK 277 (foi alterado para preservar a imagem do psiquiatra) e eu passava do 270 ao 280 e nada. Até me dar conta de que 277 era do outro lado da rua. Torcia para que o doutor não estivesse na janela do consultório observando minhas vãs idas e vindas e fazendo 'tsc tsc' com a cabeça: "esse não passa".
Entrei. Primeiro andar, fui de escada mesmo. Adentrei a salinha. A secretária me olhava, eu olhava ao redor. Comecei a perscrutar a sala de espera, reparava em tudo: rachaduras, quadros, revistas, lâmpadas, moscas, o trânsito pela janela. Estaria eu ficando paranóico justo naquele instante?
"Tenho uma consulta às..." seguiram-se os procedimentos normais de qualquer consulta, sentei, e nesse mesmo instante começaram a chegar pessoas. Olhava-as. Todas pareciam um pouco loucas. Ou era eu o louco ali? Tentava imaginar o que levava essas pessoas a um psiquiatra. Primeiro, uma mulher, com seus 50 e tantos anos que tinha um jeito estranho nos gestos. Tomava Prozac. Ela e a filha. Tinha ido buscar receita pras duas. Depois entrou um rapaz um pouco gordinho. Puxou conversa com a secretária. Parecia normal, amigo do médico. Falava de família com ela, feriadão, viagens. Repentinamente ela pergunta seu nome para apresentá-lo ao médico. "Ferrari", responde.
Ferrari. Esse nome definitivamente não é normal. E eu esperava. Chegou um homem barbudo, com uma pochete na cintura e meio hesitante nos gestos. Mantinha uma certa distância de tudo. Em seguida entrou um maluco de capacete na cabeça. Bom, acho que não era maluco, era um motoboy. Mas como eu já estava no clima...
Enfim, o Ferrari foi embora e eu entrei. Apreensão. Emoção. Finalmente verei um divã! Eis que, senão quando, olhei para os lados e só faltou pegar o psiquiatra pelo colarinho e chacoalhá-lo contra a parede, gritando "Cadê o maldito divã!?" Não havia um divã. Não havia! Apenas duas singelas cadeiras em frente à mesa e, mais ao canto, duas cadeiras maiores e uma pequena.
Manti-me calmo, afinal, ele poderia pensar que eu era louco, e isso é algo que definitivamente não sou, embora seja meio obsessivo em algumas coisas. O que me fez feliz é que havia um busto de Freud. Pequeno, de plástico branco, quase irreconhecível, mas tinha um cavanhaque discreto e tomei ele como se fosse Freud e pronto. Podia ser qualquer pessoa de cavanhaque, podia ser, inclusive, uma falha no plástico e não um cavanhaque, mas pra mim era Freud. Também havia dois globos. Por que cargas d´água haveria de existir dois globos terrestres num consultório psiquiátrico? Um era pequeno, do tamanho de um punho. O outro era grande. Talvez pra mostrar a dualidade das pessoas que têm dupla personalidade, o ego e o id, ou o superego, ou sabe-se lá o quê. Mas havia. Talvez o psiquiatra fosse fã de geografia. Começou o diálogo:
-Quer dizer então que você vai trabalhar num banco, hein?
-É.
-PUTA QUE PARIU! Tirou a sorte grande!
Talvez o doutor fale palavrões de cara pra tentar detectar algum espanto, algo em nossa conduta que ele possa identificar como patológico. Porém manti-me frio e calmo. Quase xinguei também, mas me contive.
A conversa decorreu de maneira estranha. Ele perguntava coisas aleatórias, eu respondia monossilábico. Isso mostra o papel burocrático de exames pré-admissionais. Eu mal falei e fui considerado qualificado. Acho que só se eu o atacasse exigindo que trouxessem um divã ele teria me julgado inapto. Ninguém que responde a um psiquiatra monossilabicamente devia ser considerado são. Ou não. Mas fico feliz que descobri que sou. Afinal, ele poderia pensar que eu era lacônico devido a alguma psicose ou perturbação que me fazia pensar em coisas maléficas, como roubar um banco. Ou um divã. Enfim, sou normal.
Ao sair, já me sentia em casa e cumprimentei a todos, até ao homem da pochete que estava sentado no banco, tremendo. Não vi o divã, mas foi como se o tivesse visto.
Ou não.
Sempre quis ver um divã na minha vida. Cresci ouvindo falar em psiquiatras e psicólogos e psicanalistas (algum dia eu já soube a diferença de cada um) com divãs no consultório e bustos de Freud por todos os lados.
O endereço era JK 277 (foi alterado para preservar a imagem do psiquiatra) e eu passava do 270 ao 280 e nada. Até me dar conta de que 277 era do outro lado da rua. Torcia para que o doutor não estivesse na janela do consultório observando minhas vãs idas e vindas e fazendo 'tsc tsc' com a cabeça: "esse não passa".
Entrei. Primeiro andar, fui de escada mesmo. Adentrei a salinha. A secretária me olhava, eu olhava ao redor. Comecei a perscrutar a sala de espera, reparava em tudo: rachaduras, quadros, revistas, lâmpadas, moscas, o trânsito pela janela. Estaria eu ficando paranóico justo naquele instante?
"Tenho uma consulta às..." seguiram-se os procedimentos normais de qualquer consulta, sentei, e nesse mesmo instante começaram a chegar pessoas. Olhava-as. Todas pareciam um pouco loucas. Ou era eu o louco ali? Tentava imaginar o que levava essas pessoas a um psiquiatra. Primeiro, uma mulher, com seus 50 e tantos anos que tinha um jeito estranho nos gestos. Tomava Prozac. Ela e a filha. Tinha ido buscar receita pras duas. Depois entrou um rapaz um pouco gordinho. Puxou conversa com a secretária. Parecia normal, amigo do médico. Falava de família com ela, feriadão, viagens. Repentinamente ela pergunta seu nome para apresentá-lo ao médico. "Ferrari", responde.
Ferrari. Esse nome definitivamente não é normal. E eu esperava. Chegou um homem barbudo, com uma pochete na cintura e meio hesitante nos gestos. Mantinha uma certa distância de tudo. Em seguida entrou um maluco de capacete na cabeça. Bom, acho que não era maluco, era um motoboy. Mas como eu já estava no clima...
Enfim, o Ferrari foi embora e eu entrei. Apreensão. Emoção. Finalmente verei um divã! Eis que, senão quando, olhei para os lados e só faltou pegar o psiquiatra pelo colarinho e chacoalhá-lo contra a parede, gritando "Cadê o maldito divã!?" Não havia um divã. Não havia! Apenas duas singelas cadeiras em frente à mesa e, mais ao canto, duas cadeiras maiores e uma pequena.
Manti-me calmo, afinal, ele poderia pensar que eu era louco, e isso é algo que definitivamente não sou, embora seja meio obsessivo em algumas coisas. O que me fez feliz é que havia um busto de Freud. Pequeno, de plástico branco, quase irreconhecível, mas tinha um cavanhaque discreto e tomei ele como se fosse Freud e pronto. Podia ser qualquer pessoa de cavanhaque, podia ser, inclusive, uma falha no plástico e não um cavanhaque, mas pra mim era Freud. Também havia dois globos. Por que cargas d´água haveria de existir dois globos terrestres num consultório psiquiátrico? Um era pequeno, do tamanho de um punho. O outro era grande. Talvez pra mostrar a dualidade das pessoas que têm dupla personalidade, o ego e o id, ou o superego, ou sabe-se lá o quê. Mas havia. Talvez o psiquiatra fosse fã de geografia. Começou o diálogo:
-Quer dizer então que você vai trabalhar num banco, hein?
-É.
-PUTA QUE PARIU! Tirou a sorte grande!
Talvez o doutor fale palavrões de cara pra tentar detectar algum espanto, algo em nossa conduta que ele possa identificar como patológico. Porém manti-me frio e calmo. Quase xinguei também, mas me contive.
A conversa decorreu de maneira estranha. Ele perguntava coisas aleatórias, eu respondia monossilábico. Isso mostra o papel burocrático de exames pré-admissionais. Eu mal falei e fui considerado qualificado. Acho que só se eu o atacasse exigindo que trouxessem um divã ele teria me julgado inapto. Ninguém que responde a um psiquiatra monossilabicamente devia ser considerado são. Ou não. Mas fico feliz que descobri que sou. Afinal, ele poderia pensar que eu era lacônico devido a alguma psicose ou perturbação que me fazia pensar em coisas maléficas, como roubar um banco. Ou um divã. Enfim, sou normal.
Ao sair, já me sentia em casa e cumprimentei a todos, até ao homem da pochete que estava sentado no banco, tremendo. Não vi o divã, mas foi como se o tivesse visto.
Ou não.
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sábado, 7 de abril de 2007
Sábados
Afuera hay un ocaso, alhaja oscura
engastada en el tiempo,
y una honda ciudad ciega
de hombres que no te vieron.
La tarde calla o canta.
Alguien descrucifica los anhelos
clavados en el piano.
Siempre, la multitud de tu hermosura.
***
A despecho de tu desamor
tu hermosura
prodiga su milagro por el tiempo.
Está en ti la ventura
como la primavera en la hoja nueva.
Ya casi no soy nadie,
soy tan sólo ese anhelo
que se pierde en la tarde.
En ti está la delicia
como está la crueldad en las espadas.
***
Agravando la reja está la noche.
En la sala severa
se buscan como ciegos nuestras dos soledades.
Sobrevive a la tarde
la blancura gloriosa de tu carne.
En nuestro amor hay una pena
que se parece al alma.
***
Tú
que ayer sólo eras toda la hermosura
eres tambien todo el amor, ahora.
J.L. Borges
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domingo, 18 de março de 2007
Rondelli de abobrinha
É a madrugada de uma ressaca sem fim, que por ressaca começa e por ressaca se mantém. Mas a ressaca usa boné. Porque o sono foi maldormido ou simplesmente não tenha sido, ou porque "O povo do queijo mandou me chamar", ou ainda que foi rápido e ao mesmo tempo duradoura essa manhã. Tudo acaba numa lasanha.
Havia fontes e bonés que não vi, mas havia. E o vento ali, ao lado. E a manhã desperta. The book is on the table. And the table is over another book.
E foi o vinho. Ou a cerveja. Ou nada disso. Mas foi, e foi legal. Too damn good.
E torcemos para que seja lá o que for que caiu do céu neste momento seja tão só e unicamente água.
Havia fontes e bonés que não vi, mas havia. E o vento ali, ao lado. E a manhã desperta. The book is on the table. And the table is over another book.
E foi o vinho. Ou a cerveja. Ou nada disso. Mas foi, e foi legal. Too damn good.
E torcemos para que seja lá o que for que caiu do céu neste momento seja tão só e unicamente água.
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segunda-feira, 12 de março de 2007
Pois é Teu o Reino
"Between the idea
And the reality
Between the motion
And the act
Falls the Shadow
For Thine is the Kingdom
Between the conception
And the creation
Between the emotion
And the response
Falls the Shadow
Between the desire
And the spasm
Between the potency
And the existence
Between the essence
And the descent
Falls the Shadow
Excerto de A penny for the old guy - T.S. Eliot
Falls the Shadow
Life is very long
Between the desire
And the spasm
Between the potency
And the existence
Between the essence
And the descent
Falls the Shadow
For Thine is the Kingdom"
Excerto de A penny for the old guy - T.S. Eliot
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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007
To have their own master (not only a master)
While doing cheatings
and mistaking errors
good or bad
evil or devil amazing
chords
amazing chores
echoes
over, under, besides the old
and starving face
mystery runs over the roof
mystery and its neighbours
Not a shell, not a shelf
not a smiling yell
not a trusty face
not a shady race
not a hand but an elbow
not a place, but a butt
knees over faces
Rotting traces of smoking
zombies
Against an enemy of thoughts
nothing - no one will succeed
and mistaking errors
good or bad
evil or devil amazing
chords
amazing chores
echoes
over, under, besides the old
and starving face
mystery runs over the roof
mystery and its neighbours
Not a shell, not a shelf
not a smiling yell
not a trusty face
not a shady race
not a hand but an elbow
not a place, but a butt
knees over faces
Rotting traces of smoking
zombies
Against an enemy of thoughts
nothing - no one will succeed
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On the road
E lá se foi mais um ano. Fica a pergunta no ar se valeu a pena, o ovo ou a galinha. Valeu a pena? Sabe lá. Quem se importa?
Mas como já diria o dono de uma grande empresa, o importante é o que importa. E o que exporta também.
A noite em Londrina, a última nos próximos 15 dias, é estranha. Venta, chove e há o assovio do vento.Tudo que eu queria era uma dose. É dose...
Calculo que chegarei em Curitiba pelas 13h da tarde, sem percalços. Dois dias à toa e o caminho se bifurca: não há indicação a seguir. Não há placas, não há mapas. Não sigo pegadas quando sei que são tuas. But there is the long and winding road.
Em outras palavras, uma semana sem destino. Saber aproveitar a falta de destino talvez seja o grande desafio. Simples, porém complexo. Fácil, contudo desafiador. Easy like a sunday morning, but hard as the bleak December on the Night's Plutonian shore. Pode ser, enfim, um grande passo para o homem, e um pequeno passo para a humanidade.
E o pássaro preto me responde: tudo já ficou pra trás...
"And the Raven, never flitting, still is sitting, still is sitting
_____________________
* Escrito ao som de Balada de Madame Frigidaire - Belchior
Mas como já diria o dono de uma grande empresa, o importante é o que importa. E o que exporta também.
A noite em Londrina, a última nos próximos 15 dias, é estranha. Venta, chove e há o assovio do vento.Tudo que eu queria era uma dose. É dose...
Calculo que chegarei em Curitiba pelas 13h da tarde, sem percalços. Dois dias à toa e o caminho se bifurca: não há indicação a seguir. Não há placas, não há mapas. Não sigo pegadas quando sei que são tuas. But there is the long and winding road.
Em outras palavras, uma semana sem destino. Saber aproveitar a falta de destino talvez seja o grande desafio. Simples, porém complexo. Fácil, contudo desafiador. Easy like a sunday morning, but hard as the bleak December on the Night's Plutonian shore. Pode ser, enfim, um grande passo para o homem, e um pequeno passo para a humanidade.
E o pássaro preto me responde: tudo já ficou pra trás...
"And the Raven, never flitting, still is sitting, still is sitting
On the pallid bust of Pallas just above my chamber door;
And his eyes have all the seeming of a demon's that is dreaming,
And the lamplight o'er him streaming throws his shadow on the floor;
And my soul from out that shadow that lies floating on the floor
Shall be lifted - nevermore! "
_____________________
* Escrito ao som de Balada de Madame Frigidaire - Belchior
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Edgar Allan Poe,
Faith No More
quarta-feira, 24 de janeiro de 2007
Diálogo no supermercado
Mãe e filha andam, avistam uma freira, que passa. Logo após, a mãe comenta:
- Viu filhinha? Uma freira igualzinha à da novela!
- Viu filhinha? Uma freira igualzinha à da novela!
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verdade irrefutável
segunda-feira, 22 de janeiro de 2007
O Nada
Só sei que nada sei.
O nada nada no ar,
a água banha o mar
e a chuva chove chaves,
chaves que abrem o céu.
A nuvem negra navega
como um negro véu
e esconde o brilho do sol.
O sol que quebra o céu
ilumina a tua casa
a TV te vê parada
olhando para o nada
que nada feliz no céu
O nada nada no ar,
a água banha o mar
e a chuva chove chaves,
chaves que abrem o céu.
A nuvem negra navega
como um negro véu
e esconde o brilho do sol.
O sol que quebra o céu
ilumina a tua casa
a TV te vê parada
olhando para o nada
que nada feliz no céu
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sábado, 13 de janeiro de 2007
X - DAY : The Beginning Of The World
The rupture of
the equilibrium
and the violation
of the ©ode
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